23/12/2022 às 07h14min - Atualizada em 23/12/2022 às 07h14min

No terceiro mandato, Lula terá mais ministérios que em 2003 e 2006

Em 3º mandato, presidente eleito Lula só vai concluir montagem da Esplanada após o Natal e terá recorde de pastas

Pressionado pelo desafio de construir uma base aliada no Congresso para seu terceiro mandato, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está tendo mais dificuldades para montar sua equipe ministerial do que nas suas eleições anteriores. Mesmo prevendo para 2023 mais ministérios do que teve em seus dois primeiros mandatos, o petista ainda não conseguiu acomodar todos os aliados e só deve completar a escalação de seu time após o Natal, há menos de uma semana do início do governo.

A montagem da equipe ministerial começou a ser destravada nesta semana, após o futuro governo ter conseguido a aprovação da PEC da Transição no Congresso, garantindo espaço extra no teto de gastos de R$ 145 bilhões no próximo ano. Semanas após o anúncio dos cinco primeiros ministros, todos da cota pessoal de Lula ou ligados ao núcleo duro do PT, o presidente eleito revelou, na quinta (22/12) o nome de mais 16 integrantes do primeiro escalão (veja todos os nomes).

Para chegar aos 37 ministros previstos, porém, ainda faltam 16 nomes, que Lula prometeu anunciar na segunda ou na terça-feira da semana que vem, após passar o Natal com a família, em São Paulo.

“Nós estamos tentando fazer um governo que represente, no máximo que a gente puder, as forças políticas que participaram conosco da campanha”, justificou o presidente eleito, que ainda precisa acomodar na Esplanada representantes de partidos que o apoiaram antes e depois da eleição, além de aliadas que tiveram destaque na “frente ampla” montada no segundo turno: a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e a a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP).

Há 20 anos
Em 2002, quando foi eleito pela primeira vez para a presidência, o petista também demorou para fechar sua equipe e atormentou o mercado financeiro ao se negar a fornecer detalhes sobre seus planos econômicos (mais ou menos como agora). Também naquela época, disputas internas no PT e a dificuldade de acomodar aliados em pastas de destaque pesaram na demora.

Na antevéspera do Natal de 2002, porém, toda a equipe da Esplanada já havia sido anunciada. Eram, na época, 34 ministérios ou órgãos com status de ministério. Quatro anos depois, quando Lula foi reeleito ao vencer, no segundo turno, seu atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (então no PSDB), Lula não fez grandes mudanças na equipe logo de cara e deu um jeitão de continuidade ao segundo mandato.

Uma reforma ministerial, na qual 11 ministros foram trocados e 23 permaneceram, só foi concluída em março do ano seguinte, terceiro mês do segundo mandato. Na época, foram criadas as secretarias de Comunicação Social e dos Portos, com status de ministério, e o número de pastas subiu de 34 para 36, uma a menos do que está sendo previsto pela equipe de transição para o mandato que se inicia em 2023.

O que falta
Na primeira leva de anúncios de ministros, no início de dezembro, Lula confirmou nomes como Fernando Haddad para a Fazenda e Flávio Dino para a Justiça e Segurança Pública.

Criticado pela falta de diversidade de raça e gênero, o petista incluiu mulheres e negros entre os ministros anunciados nesta semana, com destaque para a confirmação de Nísia Trindade na Saúde e a surpresa do vice Geraldo Alckmin (que Lula havia dito que não seria ministro) como titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Para a semana que vem, falta ainda o anúncio de quem vai comandar um ministério que será criado pela primeira vez, o dos Povos Indígenas, e de outros que são disputados por políticos que desejam ter vitrine, como Cidades; Desenvolvimento Regional; Rodovias e Ferrovias; e Agricultura.

Lula deve passar esta sexta-feira (23/12) em articulações na capital federal. A previsão é que ele só embarque para São Paulo, onde vai passar o Natal, no final da tarde.


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