A ex-senadora Simone Tebet (MDB-MS) assume, nesta quinta-feira (5/1), o comando do Ministério do Planejamento e Orçamento no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente do Brasil. A cerimônia de posse ocorre às 10h no Palácio do Planalto. São esperadas mais de 800 pessoas para o evento.
A entrada de Tebet no cargo ocorre após uma série de impasses e negociações sobre o destino da senadora na nova gestão.
Apesar da demora sobre a definição, a participação da emedebista no ministeriado do petista era esperada desde o fim das eleições de 2022. A ex-parlamentar ficou em terceiro lugar na disputa pela Presidência da República em 2022, desbancando políticos tradicionais, como Ciro Gomes (PDT).
Simone Tebet teve papel essencial na campanha de Lula ao segundo turno do pleito. A parlamentar anunciou apoio ao petista dias após sair derrotada do primeiro turno, e participou de uma série de agendas e atos de campanha ao lado de Lula e outros aliados.
Agora, Tebet assume uma pasta com alta relevância na Esplanada dos Ministérios e mira ascensão política. Cabe ao Ministério do Planejamento traçar a organização de custos do novo governo, além de analisar e viabilizar projetos e controle de orçamentos, com a liberação de fundos.
O cientista político Rodolfo Marques explica que a chegada da emedebista à pasta reafirma o protagonismo político importante da senadora dentro da Esplanada dos Ministérios. O ministério por si só, no entanto, não garantirá mais votos em uma possível candidatura à Presidência em 2026.
“O ministério vai ser um aspecto importante, que pode auxiliar muito Simone Tebet, mas outras costuras políticas, com experiência em outro âmbito do poder federal, serão importantes”, diz.
Marques também ressalta que o papel de Tebet dentro do MDB acabará fortalecido com a nova função no Executivo, mas mesmo assim será apenas um passo na candidatura.
Impasses
Apesar de agradar lideranças do MDB, o Ministério do Planejamento não era a primeira opção da parlamentar na equipe de Lula. Tebet iniciou a transição de governo visando a pasta do Desenvolvimento Social, que tem grande relevância e orçamento, além de gerir programas como o Bolsa Família.
A senadora chegou a fazer parte do Grupo de Trabalho do Desenvolvimento Social durante a transição de governo, mas o comando do ministério ficou com o petista Wellington Dias.
A discussão sobre o destino de Tebet ficou mais acalorada após o anúncio dos primeiros ministros de Lula. Além do Planejamento, o presidente teve debates com a ex-senadora sobre uma possível liderança nas pastas de Cidades ou Meio Ambiente.
Lula e Tebet não chegaram a um consenso sobre as alternativas — especialmente sobre o Meio Ambiente, que tinha Marina Silva (atual ministra) como principal cotada para chefiar o órgão (o que se confirmou).
A decisão sobre a ida para o Planejamento foi tomada em 27 de dezembro, após uma série de reuniões entre Lula, Tebet, Marina e lideranças partidárias.
Protagonismo na Esplanada
À frente do Planejamento, Simone Tebet terá atuação próxima a Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda. As duas pastas são um desmembramento do antigo Ministério da Economia de Jair Bolsonaro (PL).
Após ser anunciada como chefe do órgão, a senadora afirmou que a parceria com Haddad “não tem como dar errado”.
“Nós já começamos tendo três identidades: somos professores universitários, ele tem parentes no meu estado [Mato Grosso do Sul], somos amigos em comum e ele me deu a terceira, que nós somos de origem libanesa. Então não tem como dar errado [a parceria]”, disse a parlamentar após o anúncio.
De acordo com a Medida Provisória 1154/23, assinada por Lula pra reorganizar a Esplanada dos Ministérios, caberá ao Planejamento:
• elaboração de subsídios para o planejamento e a formulação de políticas públicas de longo prazo destinadas ao desenvolvimento nacional;
• avaliação dos impactos socioeconômicos das políticas e dos programas do Governo federal e elaboração de estudos especiais para a reformulação de políticas;
• elaboração de estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura socioeconômica e gestão dos sistemas cartográficos e estatísticos nacionais;
• elaboração, acompanhamento e avaliação do plano plurianual de investimentos e dos orçamentos anuais;
• viabilização de novas fontes de recursos para os planos de governo; e
• formulação de diretrizes, acompanhamento e avaliação de financiamentos externos de projetos públicos com organismos multilaterais e agências governamentais.