A Polícia Civil do Distrito Federal acredita que Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, marido da cabeleireira Elizamar Silva, e Marcos Antônio Lopes de Oliveira, sogro de Elizamar, encomendaram a morte dela e de outras 5 pessoas da própria família. A informação foi divulgada nesta terça-feira (17), após depoimento de um dos presos suspeitos de envolvimento no caso.
As investigações apontam que o crime teria sido motivado por dinheiro. O investigado disse que Thiago e Marcos Antônio queriam a quantia que Elizamar guardava em uma conta bancária, além de R$ 400 mil que Renata Juliene Belchior, de 52 anos, mãe de Thiago e esposa de Marcos Antônio, tinha, pela venda de uma casa em Santa Maria, no DF.
Em depoimento, um dos suspeitos preso pela polícia afirmou que uma amante de Marcos Antônio e a filha dessa mulher também estariam envolvidas no crime. As duas são consideradas desaparecidas pela corporação, assim como os dois homens.
Apesar da versão apresentada pelo suspeito, a Polícia Civil não descarta completamente a possibilidade de que Thiago e Marcos Antônio também sejam vítimas do crime.
Depoimentos
Seis pessoas da mesma família estão desaparecidas no DF — Foto: Reprodução
Segundo o delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá, um dos homens presos por envolvimento no crime, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, de 49 anos, contou que ele e Gideon Batista de Menezes, de 55 anos, receberam R$ 100 mil para matar a cabeleireira, os três filhos — Gabriel, de 7 anos, e os gêmeos Rafael e Rafaela, de 6 anos —, a sogra e a cunhada da mulher.
As outras duas vítimas são Renata Juliene Belchior, de 52 anos, mãe de Thiago e esposa de Marcos Antônio; e Gabriela Belchior de Oliveira, de 25 anos, irmã de Thiago e filha de Marcos Antônio. Os corpos das vítimas ainda não foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML), mas, segundo o delegado, "tudo leva a crer" que são da família.
Um terceiro suspeito também foi preso. Fabrício Silva Canhedo, de 34 anos, que teria sido foi responsável por vigiar Renata e Juliana, que foram mantidas em um cativeiro, segundo a investigação.
O crime
Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, marido de Elizamar, e Marcos Antônio Lopes de Oliveira, sogro de cabeleireira — Foto: Reprodução
A Polícia Civil disse que Horácio contou que a ideia era atrair Elizamar ao Paranoá para que o crime fosse cometido. No entanto, Thiago, o marido da cabeleireira – que pediu para a mulher buscá-lo na região – não sabia que ela estava com as crianças.
"Por conta disso, a dinâmica do crime mudou", disse o delegado. Segundo ele, o objetivo era subtrair uma quantia em dinheiro que a mulher guardava em uma conta bancária e matá-la, em seguida.
Como as crianças estavam no carro, Marcos Antônio (avô das crianças), Thiago (pai das crianças), Gideon e Horácio (os homens contratados para cometer o crime) levaram as vítimas para Cristalina (GO). No local, todos foram sufocados, e os criminosos atearam fogo no veículo, segundo o depoimento do suspeito.
De acordo com o delegado, Horácio afirmou que Elizamar tentou resistir, mas foi enforcada. Segundo o suspeito, Thiago teria matado um dos próprios filhos antes de atear fogo no carro da família.
Sequestro e assassinato
Suspeito de queimar corpos de família que desapareceu no DF comprou gasolina para cometer o crime, diz polícia — Foto: Reprodução
De acordo com o depoimento de Horácio, ele, Gideon, Marcos Antônio e o próprio Thiago sequestraram Renata e Gabriela, as mantiveram por cinco dias em um cativeiro, em Planaltina, e as assassinaram da mesma forma que Elizamar e os filhos.
Marcos Antônio era marido de Renata Juliene e pai de Gabriela. Segundo a investigação, Renata tinha vendido uma casa na região de Santa Maria por R$ 400 mil, e a ideia de Marcos era matá-la para ficar com o dinheiro e fugir com a amante.
Sogra e cunhada de cabeleireira que teve morte encomendada no DF ficaram em cativeiro
De acordo com o delegado, após mantê-las em cárcere privado, os suspeitos não conseguiram o dinheiro e as levaram de carro para Unaí (MG), onde asfixiaram e mataram as vítimas.
De acordo com o investigador, o depoimento de Horácio foi "robusto", mas todas as informações ainda vão ser confirmadas pelos policiais. Como uma das provas, o delegado afirma que há imagens que mostram Gideon comprando gasolina em Cristalina (GO) para atear fogo no carro de Elizamar (veja imagem acima).
Carros carbonizados
Carro carbonizado em que quatro corpos foram encontrados, em Cristalina, Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Militar
O caso é investigado pelas polícias civis do DF, de Goiás e de Minas Gerais, onde dois carros da família foram localizados. Um dos veículos, identificado como sendo o de Elizamar Silva, foi encontrado em Cristalina (GO), no Entorno do DF, na sexta-feira (13).
Quatro cadáveres estavam no automóvel e foram reconhecidos por parentes como sendo da cabeleireira e dos três filhos. No entanto, ainda não há confirmação oficial da polícia.
Segundo a Polícia Civil de Goiás, os corpos foram encaminhados para Goiânia e vão para uma unidade especializada na análise de ossadas e material genético. Mas ainda não há previsão para o resultado da identificação.
O segundo veículo pertence a Marcos Antônio Lopes de Oliveira, pai de Thiago e sogro de Elizamar. O carro foi encontrado queimado na BR-251, em Unaí (MG), no sábado (14), com dois corpos dentro. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, os corpos também não foram identificados.