22/01/2023 às 08h17min - Atualizada em 22/01/2023 às 08h17min

Mourão diz que Lula quer "alimentar crise" com a demissão de general

Ex-vice-presidente da República afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de demitir o general Julio César de Arruda do comando do Exército é "péssima" para o país

​(crédito: EVARISTO SA / AFP)


O general Hamilton Mourão, ex-vice-presidente de Jair Bolsonaro e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por demitir, neste sábado (21/1), o general Julio César de Arruda do comando do Exército. Arruda,
nomeado por Lula ainda durante o governo Bolsonaro, assumiu em 30 de dezembro de 2022, o que faz dele o chefe da Força Terrestre que menos tempo passou no cargo desde o fim do regime militar: foram apenas 23 dias. Ele será substituído pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Mourão disse que Lula quer alimentar uma crise com as Forças Armadas e, em particular com o Exército, ao demitir o comandante da tropa. "Se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma crise com as Forças e em particular com o Exército. Isso aí é péssimo para o país", disse Mourão.

Segundo fontes da caserna, a demissão do comandante se deu por um acúmulo de fatores, como a recusa de Arruda em permitir prisões no acampamento em frente ao Quartel General do Exército após os ataques na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, e sua resistência em exonerar o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como "coronel Cid".

Arruda foi substituído pelo então comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que é amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, rechaçou a possibilidade de um golpe após a eleição de Lula e chegou a ser chamado de "melancia" por apoiadores de Jair Bolsonaro.

Precedente
Em toda a redemocratização, apenas dois outros comandantes do Exército chegaram a ficar menos de um ano no cargo — ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram eles Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que chefiou a força por pouco mais de 11 meses, entre 20 de abril de 2021 e 31 de março de 2022, e Marco Antônio Freire Gomes, que o sucedeu por 9 meses, até 30 de dezembro, quando foi substituído por Arruda.

Há outra passagem relâmpago no comando da Força durante o período da ditadura militar. O general Vicente de Paulo Dale Coutinho foi nomeado à chefia do Ministério do Exército (nomenclatura anterior do cargo) no início do governo de Ernesto Geisel, em 15 de março de 1974, mas ocupou a posição por menos de dois meses, falecendo em 27 de maio do mesmo ano.

Com informações da Agência Estado


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