Alvo constante de críticas em relação à maneira como seu governo lidou com os povos indígenas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a negar, neste sábado (28/1), qualquer tipo de culpa pela crise humanitária que atinge, especificamente, os povos Yanomamis. Nas redes sociais, Bolsonaro postou o que chamou de “a verdade Yanomami”.
À postagem, ele anexou o relatório de uma CPI que investigou a morte de crianças indígenas por desnutrição nos anos de 2005 a 2007. Entre outros pontos, a CPI concluiu: “Em Roraima, nos Yanomamis, os índices de malária voltam com intensidade, em função do abandono nas ações preventivas em saúde, especificamente nos serviços para o combate ao mosquito transmissor da doença”.
No domingo anterior (22/1), Bolsonaro reagiu aos ataques que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atribuiu a ele a culpa pela crise humanitária dos povos Yanomamis.
Em seu canal oficial no Telegram, Bolsonaro classificou as críticas e acusações imputadas a ele como “mais uma farsa da esquerda” e destacou ações do governo dele no território indígena.
Segundo Bolsonaro, de 2020 a 2022, foram realizadas 20 ações de saúde que levaram atenção especializada para dentro dos territórios indígenas. “Os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do governo federal. De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de Atenção Básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, alegou o ex-presidente da República.
Argumentos contestados
Os argumentos do ex-presidente, no entanto, vêm sendo rebatidos. Para o Ministério Público Federal (MPF), a situação da população Yanomami é resultado da omissão do Estado brasileiro, na gestão de Bolsonaro, em assegurar a proteção de suas terras. Os indígenas que habitam a terra, localizada em Roraima, sofrem com casos de desnutrição e malária.
Na última semana, profissionais de saúde confirmaram que denunciaram formalmente para a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em 2021, várias situações graves que estavam ocorrendo com os indígenas da região, mas não houve providências.
E na última quinta-feira (26/1), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o ex-dirigente da Funai Marcelo Augusto Xavier da Silva e o ex-secretário especial de Saúde Indígena Robson Santos da Silva, por suposto genocídio contra as comunidades Yanomamis.