24/02/2023 às 07h12min - Atualizada em 24/02/2023 às 07h12min

Exército, Marinha e Aeronáutica sofrem com perda de status e xingamentos na internet. FAB é atacada no Twitter

Redes sociais, Forças Armadas, Comandantes militares na era pós Bolsonaro. O Inferno digital das Forças Armadas continua – Responsáveis pelas redes sociais de Exército, Marinha e Aeronáutica

por Sociedade Militar

.
No artigo Exército cancelado, publicado há algumas semanas falamos sobre os ataques sofridos pelo Exército Brasileiro em suas redes sociais, principalmente no Twitter. Foi evidenciado ali que a imagem dos militares está sendo solapada como retorno de chama causado pelo protagonismo excessivo e indevido descaradamente estimulado pela própria cúpula das Forças – generais, almirantes e brigadeiros – durante os últimos cinco anos.
 
A interação virtual veio para ficar, é um caminho sem volta. Rios de dinheiro correm pelas infovias, e no caso de instituições estatais, como as Forças Armadas brasileiras, o principal capital que pode escoar rapidamente é a reputação.
 
Atualmente a temperatura de qualquer instituição, seja política, governamental ou privada é aferida pelas redes sociais. Sabe-se que a extrema direita americana e brasileira chegaram aonde chegaram via redes. A esquerda brasileira quase perde a última eleição presidencial por subestimar isso.
 
É difícil deixar de relacionar a vitória da extrema direita nacional (tendo os militares como propaganda) na eleição de 2018, reconhecidamente impulsionada pelas mídias virtuais, com as palavras do general Rego Barros em 2019, ao assumir o cargo de porta-voz do governo Bolsonaro:
 
“mergulhar de cabeça no ‘submundo’ das mídias sociais – Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp, Portal Responsivo, Eblog etc – e se tornar o órgão público com maior influência no mundo digital no Brasil exigiu sangue frio na interlocução sem rosto, típica da internet, suor à frente do teclado e lágrimas de emoções pela conquista do cimo”.

Assumindo o conceito corrente de “imagem institucional” como sendo “o conjunto de ações que formam a reputação da empresa”; que sua competitividade está umbilicalmente ligada ao cuidado com sua identidade institucional; e classificando a imagem institucional como “positiva” quando a comunicação bilateral (com seu público) tem eficiência, não é preciso ser analista de marketing para ver que as Forças Armadas estão patinando num atoleiro virtual.

Uma amostra do embaraçoso drama digital protagonizado pelas Forças pode ser vista na postagem abaixo feita pela FAB. A maioria esmagadora dos comentários vai da crítica gratuita ao desrespeito puro e simples. Todos relacionados quase que exclusivamente a uma suposta decepção com as Forças, que são chamadas de “covardes”, “omissas”, “entreguistas” e recorrentemente acusadas de “melancias”.
 
As Forças Armadas que emprestaram sua reputação como enchimento de um projeto de poder, que se revelou essencialmente antidemocrático, foram o carro chefe do último governo, mantendo uma relação de comensalismo e ambiguidade com os fanáticos bolsonaristas. De um lado os adoradores de Bolsonaro se achavam garantidos pelos militares; de outro, a cúpula militar golpista vangloriava-se de um apoio popular bem aquém da realidade, mas que era bastante barulhento pela amplificação das redes.
 
Passados os anos dourados da simbiose político-militar, em tempo de propostas de revisão de seu papel constitucional, na expectativa de criação de uma temida Guarda Nacional, e de interferências no processo de recrutamento obrigatório de suas bases, as Forças, antes ignoradas pelo universo político, agora são desprezadas (mais ainda) pela esquerda e virulentamente atacadas pelos radicais da direita.
O ostracismo que pode vir pela frente talvez seja mais destrutivo e mais fulminante do que foi nos últimos trinta anos.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »