26/10/2016 às 13h08min - Atualizada em 26/10/2016 às 13h08min

BRASÍLIA SOB AMEAÇA DE GREVE Rollemberg precisa enquanto há tempo fazer autocrítica e reavaliar a metodologia que adota com os servidores do GDF

A intenção de se improvisar o trabalho no serviço público do DF tem sido recorrente

Blog do Sombra

A simplificação do debate sobre os movimentos grevistas dos servidores do GDF é um equívoco do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). A estratégia de tentar mostrar para a população que as categorias de servidores são intransigentes e querem, a todo custo, o reajuste aprovado por lei tem acirrado ainda mais os ânimos dos servidores públicos. E ele prometeu pagar os reajustes. ...

 

É claro que todo trabalhador quer aumento, ainda mais se já for um direito assegurado por lei. No entanto, a mediocridade de reduzir o debate ao tema parece tentar passar que o problema de todos os servidores é apenas esse. E não é.

 

A população que só pode contar exclusivamente com a saúde pública, por exemplo, é testemunha e vítima do completo caos existente dentro de todas as unidades de atendimento ao cidadão. Há escassez de tudo: faltam máquinas para exames, faltam instrumentos, faltam luvas e até máscaras para o pronto atendimento.

 

A mediocridade é tamanha que alguns estrategistas do governo se aproveitam da crise nacional e da ameaça de greve para tentarem jogar aos servidores a responsabilidade pelo péssimo atendimento nos órgãos. Nem mesmo assumem os erros de gestão. O discurso é fácil e pode ser que tenha colado até agora, mas a população começa a perceber que não é bem assim.

 

Do que adiantaria ter os hospitais lotados de profissionais qualificados, se não há agulha para se colher amostras para exames. Se há agulha, não há luva. Se há luva, não tem equipamentos. 

 

Na segurança pública e na administração direta, a mesma coisa. Só muda a nomenclatura dos objetos.

 

E com a Polícia Civil do DF, não é diferente. Os dados não mentem, governador, e revelam que nunca os servidores da segurança pública tiveram tanta carência em tudo. Há falta de profissionais, problemas nas viaturas e recursos para melhoria das ações de combate à criminalidade. Falta respeito aos profissionais. 

 

Os servidores da Administração Direta, o chamado “carreirão”, também estão esquecidos. Não há nenhuma política de melhoria nas condições de trabalho. Não raros são testemunhos sobre falta de material básico, como papel, caneta e tonner. Internet que cai, telefones que são cortados por falta de pagamento... O que sobra é má vontade dos gestores para resolver essas questões.

 

A intenção de se improvisar o trabalho no serviço público tem sido recorrente. Mas quando falta atendimento digno ao cidadão, a culpa geralmente cai nas costas de quem? Do servidor, claro. Afinal é ele que tem o contato direto com a população e, com todo esse improviso imposto, acaba tendo de fazer das tripas o coração para que o contribuinte não volte para casa sem o seu problema resolvido.

 

Não é novidade para ninguém e todos já estão carecas de saber sobre a crise econômica vivida pelo Brasil. No DF há a necessidade urgente de se melhorar, e muito, a gestão de praticamente todas as áreas essenciais do Governo do Distrito Federal. O governo não pode jogar a toalha e, para tudo, justificar que a culpa é da falta de dinheiro, ou que pegou o DF com um roubo financeiro. Não foi para isso que o governador foi eleito? Para resolver os problemas do DF? 

 

 

O governador Rollemberg falava muito durante a campanha que faltava ao governo Agnelo (PT) era gestão. Fez mil promessas ao seus eleitores. Eleito, diz que falta dinheiro. E há gestão, governador? Para um bom administrador, há sempre alternativas e criatividade para que o mínimo do atendimento ao cidadão seja garantido. 

 

O governador precisa urgentemente fazer uma autocrítica e também reavaliar a metodologia adotadas por certos gestores de seu governo, que banalizam a responsabilidade do cargo que exercem. Não dá mais para aguentar as velhas desculpas de sempre.

 

Proporcionalmente, o orçamento do DF é um dos maiores do Brasil. Contamos ainda com a fundamental ajuda do Fundo Constitucional, que alivia e muito a pressão nas contas do governo. 

 

Há de se fazer uma auditoria em tudo para saber para onde está escoando todo esse dinheiro arrecadado com os inúmeros impostos recolhidos pelo suor dos contribuintes.

 

Colocar a população contra os servidores poderia até ser uma estratégia de retórica interessante no passado. Hoje, com acesso à informação, não é difícil perceber que faltam mais habilidade e criatividade em gerir do que má vontade de servidores que lidam diretamente com a população. 

 

A única realidade que temos como resultado é uma população indignada, servidores esgotados e um governo que parece estar alheio a tudo isso. Sem falar, é claro, na falta de vontade de seus gestores em deixarem os seus gabinetes para verem de perto o óbvio: a verdadeira falta de condições de trabalho de quem carrega os seus governantes nas costas.


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