28/03/2023 às 04h58min - Atualizada em 28/03/2023 às 04h58min

Aluno diz à polícia que planejava ataque havia 2 anos, inspirado em Massacre de Suzano

Adolescente de 13 anos detalhou à polícia como planejou ataque a faca que matou uma professora e deixou quatro feridos em escola de SP

São Paulo – O estudante de 13 anos que matou uma professora esfaqueada e feriu outras quatro pessoas em um ataque a uma escola estadual de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (27/3), afirmou em depoimento à polícia ter planejado o atentado por dois anos, inspirado nos massacres de Suzano, na Grande São Paulo, em 2019, e de Columbine, nos Estados Unidos, em 1999.

A professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu após ser atingida por dez golpes de faca pelo estudante. Outras três professores e um aluno ficaram feridos — três já tiveram alta e uma segue internada. O aluno foi contido por uma professora de Educação Física dentro da sala de aula e depois apreendido pela Polícia Militar e levado para a delegacia.

Em depoimento prestado na tarde desta segunda-feira, na presença dos pais, o estudante afirmou que sentia tristeza “há muitos anos” e que há aproximadamente dois anos ele passou a ter ideias “de se vingar” com o intuito de “acabar com toda a angústia que sentia.”

O adolescente disse que sofria bullying por causa de sua aparência física na Escola Estadual Thomázia Montoro, onde o crime ocorreu, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, e em outras unidades de ensino onde ele estudou anteriormente.

Relatou que era chamado de “rato de esgoto” e, por isso, brigou e xingou um colega de escola de “macaco” na semana passada. O estudante disse ainda que a professora assassinada por ele nesta segunda-feira foi quem apartou a briga na ocasião.

Ao ser questionado sobre o que seria a “vingança”, o aluno de 13 anos respondeu que sua “vontade era matar pessoas, aproximadamente umas duas, e depois se matar”, segundo trecho do depoimento .

No depoimento, ele contou ao delegado que se inspirou em outros massacres ocorridos em escolas, principalmente no Massacre de Suzano, em março de 2019, no qual dois estudantes mataram sete pessoas e depois se suicidaram. No ataque desta segunda ele usava uma máscara de caveira semelhante à utilizada pelos assassinos naquele atentado.

Arma de fogo
Ainda em seu depoimento, o aluno de 13 anos afirmou que “sua vontade” era realizar o atentado “com uma arma de fogo.” Ele diz que tentou adquirir uma pela internet durante os últimos dois anos, mas acrescentou que “seus planos sempre falharam.”

Como ele não conseguiu a arma de fogo, o aluno decidiu colocar seu plano em ação com uma faca.

“Há uma semana, [o adolescente] estava muito ansioso para agir logo e acabar o mais rápido [possível] com tudo. Ontem, domingo, pensou ‘de amanhã não passa'”, diz trecho do depoimento.

Ainda no domingo (26/3), afirma o estudante, ele pegou a maior faca encontrada na cozinha de casa e guardou-a junto com a máscara e roupa que seria usada no ataque.

Quando acordou, nesta segunda-feira, o jovem tirou e postou fotos segurando a faca usada no crime, em um perfil no qual ele usa o sobrenome de um dos envolvidos no Massacre de Suzano.
As imagens eram legendadas com a afirmação de que ele iria fazer “uma baguncinha na escola.”

Ele acrescentou ao delegado que ecolheu as vítimas aleatoriamente. “Apenas queria atingir a vários e se matar em seguida”, diz trecho do depoimento.

Suspensão
O adolescente apreendido disse ter sido suspenso da Escola Estadual José Roberto Pacheco, porque estava trocando videos sobre massacres em escolas com outro aluno.

A direção da unidade de ensino alertou a polícia sobre o “comportamento suspeito” do estudante, um mês antes do atentado desta segunda-feira, por meio de boletim de ocorrência.

No documento, a escola afirma que o adolescente de 13 anos vinha “apresentando um comportamento suspeito nas redes sociais, postando vídeos comprometedores como, por exemplo, portando arma de fogo, simulando ataques violentos”.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »