O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (14/4) ser necessário que um grupo de países neutros faça a intermediação das negociações de paz na guerra entre a Rússia e Ucrânia. Ao falar sobre a conversa com o líder chinês, Xi Jinping, o chefe do Executivo disse ainda que países que auxiliam a Ucrânia com armas (como os Estados Unidos e países da União Europeia) deveriam cessar os fornecimentos.
"Tenho uma tese que já defendi com Macron, com Olaf Scholz da Alemanha, com Biden e ontem com Xi Jinping. É preciso que se constitua um grupo de países dispostos a encontrar um jeito de fazer a paz. Quem é que não está na guerra que pode ajudar a acabar com ela? Somente quem não está defendendo a guerra é que pode criar uma comissão de países e discutir o fim dessa guerra", apontou.
Lula defendeu também que os dois países envolvidos no conflito estão com "dificuldade de tomar decisões".
"É preciso ter paciência para conversas com o presidente da Rússia, é preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia, mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra a pararem.
Acho que quando começa uma briga a gente fala em guerra, mas poderia ser uma briga de rua, poderia ser uma greve, ou seja, é preciso começar e saber quando parar e muitas vezes a gente não sabe como parar. Eu acho que nós estamos em uma situação em que acho que os dois países estão com dificuldade de tomar decisões. Se os dois países estão com problema de tomar decisões, acho que é preciso terceiros países que mantenham boa relação com os dois criar as condições de termos paz no mundo. Não precisamos de guerra", defendeu.
"Acho que isso foi possível nessa conversa, a gente aprofundar. Eu acho que a China tem um papel muito importante. Continuo reiterando que a China possivelmente seja o papel mais importante. Agora, outro país importante é os EUA. É preciso que os EUA pare de incentivar a guerra e comece a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz para que a gente poder convencer o Putin e o Zelensky de que a paz interessa a todo mundo e a guerra só está interessando por enquanto aos dois".
O petista reforçou ser possível dar fim à guerra no leste europeu.
"Eu acho que é possível. Não é uma coisa fácil. Vocês sabem que uma briga entre família é muito difícil. Quando ela começa a gente não sabe quando ela termina e uma guerra é a mesma coisa. É preciso agora paciência, é preciso encontrar no mundo países que estejam dispostos. O Brasil está disposto. A China está disposta. Acho que temos que procurar outros aliados e negociar com pessoas que podem ajudar as partes. Nesse instante, eu acho que é preciso a União Europeia e os EUA terem boa vontade, o Putin, ter boa vontade, o Zelensky ter boa vontade para a gente voltar a ter paz no mundo", concluiu.
Os governos do Brasil e da China declararam nesta sexta-feira (14/4), em nota conjunta, que “o diálogo e a negociação são a única saída viável” para a guerra na Ucrânia. Os dois países também apelaram para que outras nações participem da negociação pela paz.
No último dia 7, a Ucrânia afirmou que não abrirá mão do território da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A declaração foi uma resposta ao presidente Lula, que na quinta-feira (6) sugeriu que o país teria que ceder seu direito sobre a região para acabar com a guerra.
Lula disse também que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "não pode querer tudo". "Putin não pode ficar com o terreno da Ucrânia. Talvez se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu de novo, tem que se repensar", completou Lula na data.