O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (14/04) que a viagem à China não é capaz de "criar arranhão" na relação diplomática do Brasil com os Estados Unidos. A declaração foi feita a jornalistas na saída do hotel onde ficou hospedado durante visita a Pequim.
"Não acredito e não há nenhuma razão para isso. Quando eu vou conversar com os EUA, eu não fico preocupado o que é que a China vai pensar da minha conversa com os EUA. Eu estou conversando sobre os interesses soberanos do meu país. Quando eu venho conversar com a China, também não estou preocupado com o que os EUA estão pensando. Eu estou conversando sobre os interesses soberanos do Brasil. É assim que faz os EUA, a China. É assim que fazem todos os países. Cada um negocia em defesa da sua soberania e da melhoria de vida do seu povo. Foi isso que eu vim fazer aqui.", disse.
Lula destacou satisfação em relação à visita e alegou que o objetivo da ida a fábrica da Huawei ocorreu pela necessidade de uma "revolução digital" no Brasil.
"Saio daqui muito satisfeito e tenho certeza que a nossa relação com a China não é necessariamente capaz de criar nenhum arranhão com os Estados Unidos. Eu fui visitar a Huawei porque eu tenho necessidade de fazer uma revolução digital no nosso país. O nosso país está muito atrasado e acho que não é correto a gente não dar ao povo brasileiro a mesma oportunidade que outros países têm", concluiu.
Na Huawei, a comitiva presidencial foi recebida com um painel contendo informações sobre a presença da chinesa no mercado brasileiro, incluindo os setores de 5G, telemedicina, educação e conectividade. A multinacional tem parceria com todas as operadoras de comunicação do Brasil na implantação da tecnologia 5G, e atua no país há mais de duas décadas.
Lula estava acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entre outros integrantes do governo.
A Huawei já foi acusada de espionagem pelo governo norte-americano, que apontou que os equipamentos da empresa poderiam ser usados para coletar informações em favor do governo chinês. Tanto a multinacional, que é privada, quanto o governo da China negaram as acusações. Em 2022, a empresa foi sancionada pelo governo dos EUA, o que reduziu o seu lucro líquido em cerca de 69% no ano.