Sergei Lavrov, o chanceler russo que é cúmplice do criminoso de guerra Vladimir Putin na sua agressão à Ucrânia, disse em Brasília, depois do seu encontro com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Ventura, que “as visões do Brasil e da Rússia são similares em relação aos acontecimentos que ocorrem no mundo, e estamos atingindo uma ordem mundial mais justa, correta, baseando-se no direito, e isso nos dá uma visão de mundo multipolar”.
É uma vergonha para nós, brasileiros, que um cúmplice do criminoso de guerra Vladimir Putin — o agressor brutal do povo ucraniano, o condenado no Tribunal de Haia pelo sequestro de 6 mil crianças do país vizinho, o tirano que afronta cada palavra e vírgula do direito internacional — possa dizer que o Brasil tenha “visões similares” às da Rússia sobre qualquer assunto relativo à ordem mundial.
Na sua obsessão de reviver o império soviético, Vladimir Putin procura desestabilizar as democracias americana e europeias e combate com ferocidade os valores ocidentais de liberdade, tolerância e diversidade. No seu descolamento da realidade, o que não o torna um louco, mas um genocida, Vladimir Putin transformou o outrora glorioso Exército Vermelho numa chusma de assassinos estupradores, secundados pelos mercenários da Wagner — a milícia que, patrocinada pelo Kremlin, comete ainda mais livremente atrocidades na Ucrânia e faz toda sorte de porcarias na África.
A vinda de Sergei Lavrov ao Brasil, para “discutir a paz na Ucrânia” com o chefe do Itamaraty e com o próprio Lula, é uma infâmia. Fomos a etapa inicial do roteiro de pária internacional que inclui Venezuela, Nicarágua e Cuba. Antes de ir embora, para completar o teatro indecoroso, ele ainda deu uma “aula” no Instituto Rio Branco a futuros diplomatas brasileiros. Disse que os países da Europa Ocidental usavam táticas do ministro nazista Joseph Goebbels, para fazer “propaganda” anti-russa em relação à Guerra da Ucrânia. O cinismo do sujeito não tem limites.
Sergei Lavrov é mais um oligarca russo que se beneficia diretamente do regime opressor de Vladimir Putin. Ele teve os seus bens pessoais congelados no Ocidente, em retaliação à invasão de território ucraniano. De acordo com um levantamento feito pela organização anticorrupção de Alexei Navalny, a fortuna imobiliária visível de Sergei Lavrov é de 8.2 milhões de dólares, totalmente incompatível com os seus rendimentos. Já a amante do chanceler russo, Svetlana Polyakova, tem um patrimônio em imóveis inexplicável, que foi avaliado em 12 milhões de dólares. Informações como essas na Rússia têm preço contabilizado em vidas. Alexei Navalny, que hoje padece na prisão, quase morreu envenenado em 2020, vítima do método preferido de Vladimir Putin para eliminar adversários políticos.
Ninguém duvida de que a riqueza invisível de Sergei Lavrov, de 73 anos, é bem maior, graças à sua fidelidade murina a Vladimir Putin e à sua adesão desavergonhada aos métodos de enriquecimento ilícito do criminoso de guerra. Até a invasão da Ucrânia, o chanceler russo levava uma vida de bilionário e gozava boa parte do seu tempo entre temporadas numa mansão em Kensington, um dos bairros mais caros de Londres, e viagens em iates de cair o queixo, como o que está no nome do oligarca assumido Oleg Deripaska.
A sua companheira de fausto é Svetlana Polyakova. A amante tem uma filha, Polina Kovaleva, que mora na capital do Reino Unido em um apartamento avaliado em 5,5 milhões de dólares. Quem é o verdadeiro pai de Polina? A mulher oficial de Sergei Lavrov não deve ter dúvida.
Nesta semana, o jornal francês Le Monde publicou uma excelente reportagem sobre a tragédia ucraniana. Intitula-se Mariupol, crônica de um martírio, na qual o repórter conta como os russos vêm apagando as marcas dos seus crimes na cidade que foi ocupada ao custo da morte de dezenas de milhares de civis, muitos deles simplesmente executados. Recomendo a sua leitura no Instituto Rio Branco, como antídoto à “aula”do chanceler russo.
Outro relato sobre a perversidade em curso na Ucrânia foi veiculado pela organização russa Gulagu.net, que agora tenta defender os direitos humanos a partir de Paris. Dois integrantes do grupo Wagner, recrutados na prisão, uma das fontes que alimentam a milícia, contaram como executaram crianças nas cidades ucranianas de Bakhmut e Soledar. Um deles, Azamat Uldarov, disse que matou com um tiro na testa uma menina de 5 anos. “Executei a ordem com esta mão”, disse ele, em vídeo. “Matei crianças, inclusive as de cinco anos”.
Azamat Uldarov e Alexei Savichev detalharam à Gulagu.net a execução de mais de 20 crianças e adolescentes ucranianos, além da explosão de uma fossa com mais de 50 prisioneiros feridos e a “limpeza” de prédios residenciais, com o trucidamento dos seus moradores. Alexei Savichev afirmou que a ordem era para fuzilar todos os ucranianos que tinham a partir de 15 anos e que os ucranianos com essa idade “dificilmente podem ser considerados civis”.
O Brasil tem mesmo “visões similares” às da Rússia, como disse Sergei Lavrov?
Lula suja as suas mãos de sangue, ao comparar Volodymyr Zelensky a Vladimir Putin, ao igualar vítima e agressor, ao receber um oligarca cínico no Palácio do Planalto e ao pregar uma nova ordem mundial sob os tacões russo e chinês, como se os brasileiros pudessem extrair vantagem disso. Pior que manchar a si próprio, Lula mancha o país.