O requerimento para a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos deve ser lido amanhã, durante sessão do Congresso. Segundo o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), as configurações de blocos e lideranças partidárias na Câmara e no Senado farão com que a base governista consiga maioria no colegiado.
A CPMI contará com a participação de 15 deputados, 15 senadores e igual número de suplentes, que terão 180 dias para concluírem as investigações. A primeira sessão para a leitura do requerimento chegou a ser marcada para 18 de abril. No entanto, acabou adiada a pedido de governistas e sob o protesto de oposicionistas.
A instauração ganhou força novamente após a divulgação das gravações do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Marco Edson Gonçalves Dias no Palácio do Planalto no 8 de janeiro. Em imagens do circuito interno, o general aparece orientando os extremistas que invadiram e depredaram o prédio.
Para o senador Magno Malta (PL-CE), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem responsabilidade sobre a escalada da violência dos bolsonaristas que destruíram as sedes dos Três Poderes. "O atual e ex-ministros do GSI, (Ricardo) Cappelli e G.Dias, devem explicar qual é a relação disso com o governo Bolsonaro. Eles estão tentando fugir da responsabilidade. Vazaram informações que eram do seu interesse e tentaram manter o resto em sigilo", acusou o parlamentar via redes sociais.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSol-RS) destacou que a comissão deve chegar aos financiadores e aos principais estimuladores dos atos criminosos. "Lutaremos para que a CPMI dos atos golpistas do 8 de janeiro investigue todos os que participaram, financiaram, estimularam a tentativa fracassada de golpe", enfatizou. "Há, inclusive, muitos deputados que deveriam estar nessa comissão na condição de investigados por terem estimulado os atos criminosos. Se a CPMI for séria, vai ajudar a chegar ao líder dos golpistas, que é (Jair) Bolsonaro", disse ao Correio.
Já o senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou não ver motivos para que o ex-presidente seja ouvido pelo colegiado. Segundo o general, a comissão precisa ser conduzida "sem aquele clima de oba-oba, sem aquele clima de circo, sem aquele clima de bate-boca".
"Independentemente do Planalto, do STF (Supremo Tribunal Federal), que foi invadido, o Congresso e as duas casas foram invadidas. Esse é o grande argumento para instalação dessa comissão mista. Não vejo razão para chamar o presidente Bolsonaro, que no próprio inquérito que vem sendo conduzido no STF não foi chamado em nenhum momento. Estava fora do país", alegou Mourão.