Em editorial publicado na edição deste domingo, 7, a Folha de S.Paulo criticou o presidente Lula por adotar a afinidade ideológica com governos de esquerda para definir as relações internacionais. Lembrou que sob os governos anteriores de Lula, o Brasil firmou contratos extremamente benéficos para as ditaduras latino-americanas de esquerda de Cuba e Venezuela e tomou calote de mais de R$ 4 bilhões.
E esse poderá ser o caminho se Lula seguir adiante com o plano de financiamentos à Argentina, mergulhada, sob o governo do amigo Alberto Fernández, numa crise econômica profunda.
Com a inflação chegando a 100%, o governo argentino e o próprio Lula recusam-se a admitir que a crise proveio de decisões ruins, mas preferem culpar o Fundo Monetário Internacional (FMI). “Para Lula, o FMI deveria ‘tirar a faca do pescoço da Argentina’, ignorando todas as negociações anteriores cujas condições foram descumpridas pela Casa Rosada”, observa o jornal.
Entretanto, “a responsabilidade pelo caos argentino é de sucessivos governos — à direita ou à esquerda, mas todos reféns do peronismo — que geriram a economia de modo irresponsável. Fernández e suas políticas populistas tornaram a situação mais dramática nos últimos anos.”
Para sair da hiperinflação e da desvalorização acelerada da moeda e retomar a credibilidade, a Argentina precisaria de ajustes internos, mas não parece ser o caminho do peronismo, sugere o editorial. E, com a crise no país vizinho, o Brasil perde.
“Felizmente, Lula ainda não entregou dinheiro brasileiro ao vizinho, limitando-se a uma tentativa até aqui infrutífera de ampliar o comércio por meio de promessas de crédito a exportadores brasileiros e compradores argentinos”, afirma a Folha, ressaltando, porém, que caso isso ocorra dificilmente será possível evitar um calote da Argentina, “se o próprio governo argentino não colocar sua casa em ordem”.
Nem mesmo a tentativa de Lula de fazer com que o banco dos Brics, hoje presidido por Dilma Rousseff, seja garantidor de eventual empréstimo poderia salvar o país de um calote. Por isso, o jornal encerra o editorial afirmando que o pior modo de o Brasil exercer sua influência na América Latina é “dando suporte a políticas fracassadas que sabotam o desenvolvimento de todos”.