Crises de ansiedade, sinais de depressão e perda de peso. Esse é o estado de Iraci Nagoshi, professora de português e diretora aposentada de 70 anos. Há quatro meses, ela continua detida na Colmeia, em Brasília, por participar do 8 de janeiro.
Um dia antes da manifestação, a paulista de São Caetano do Sul pegou um ônibus com um grupo de pessoas e viajou a Brasília. No dia do protesto, ela estava na Praça dos Três Poderes e entrou no Palácio do Planalto. O advogado Jaysson França, que defende Iraci, afirma que ela o fez para se refugiar das bombas de efeito moral que a polícia jogou, e que não cometeu vandalismo.
Segundo França, nas primeiras semanas em que ficou detida, Iraci teve de dividir uma cela pequena com mais de dez pessoas. Agora, contudo, tem mais espaço, em virtude da soltura de outras presas. Ela continua dividindo banheiro com as que sobraram, além de tomar banhos frios e se alimentar mal.
“A família está preocupada com o estado de saúde de Iraci, por causa de uma série de comorbidades que a minha cliente tem”, disse o advogado. “Ela tem transtornos passivos, diabetes, hipertireoidismo e dislipidemia. Nem sequer fizeram os exames médicos que solicitamos.” França conta que Iraci só começou a receber os remédios para diabetes há um mês, depois de muita insistência da defesa.
O advogado disse ainda que o estado emocional de Iraci fica mais abalado quando ela lembra de Newton, o filho mais velho. O homem luta contra um câncer desde 2019. “Mesmo assim, não há previsão de soltura para ela”, observou França, ao mencionar que Iraci nunca foi para a cadeia nem tem antecedentes criminais. “Mantê-la presa é desnecessário. Outras detidas em situação semelhante conseguiram sair.”
Além de pagar França, a família fez um apelo nas redes sociais ao publicar uma carta pedindo a soltura da mulher e a ajuda de parlamentares. “Que a CPMI possa fazer justiça, e que os verdadeiros golpistas sejam apontados.”