21/06/2017 às 07h18min - Atualizada em 21/06/2017 às 07h18min

Temer orientou repasse de dinheiro da Caixa e sabia de propina na Petrobras, diz Funaro

Doleiro prestou depoimento na semana passada. Ele disse também que Temer orientou distribuição de dinheiro desviado da Caixa; Planalto negou acusações

G 1

O doleiro Lúcio Funaro declarou à Polícia Federal que o presidente Michel Temer sabia do pagamento de propinas na Petrobras. Funaro também disse que Temer orientou a distribuição de dinheiro desviado da Caixa Econômica Federal.


Procurado, o Palácio do Planalto afirmou que Temer nunca deu nenhuma orientação sobre distribuição de dinheiro e não tinha relações com Funaro.


Ao prestar depoimento, Funaro deixou claro a "inteira disposição para celebrar um acordo de colaboração" e deu uma prévia do que pode revelar caso faça mesmo delação premiada.

Funaro disse que foi ele quem apresentou o empresário Joesley Batista ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, que na época era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.


Segundo Funaro, o grupo J&F tinha interesse em obter linhas de creditos junto à Caixa. Ele próprio ajudava nessas operações.


De acordo com o depoimento de Funaro, de todas as operações feitas com o grupo J&F, Geddel recebeu ou receberia comissões pagas por ele. Funaro disse que estima ter pago a Geddel aproximadamente R$ 20 milhões em espécie, a titulo de comissão, decorrentes das operações de crédito que teria viabilizado junto à Caixa.


Mas Funaro operava junto a uma outra Vice-presidência da Caixa, sob influência do PMDB da Câmara: a Vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, que na época era comandada por Fábio Cleto, hoje delator da Lava Jato.


Funaro disse que na gestão de Fábio Cleto foram feitas operacões no fundo de investimentos do FGTS para as empresas BR Vias e LLX, que geraram comissões expressivas, de cerca de R$ 20 milhões, do qual se beneficiaram principalmente a campanha de Gabriel Chalita, do PMDB, para prefeito de São Paulo no ano de 2012, e a campanha à Presidência da República no ano de 2014. Segundo Funaro, ambas foram por orientação ou pedido do presidente Michel Temer.

 

Funaro disse que Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Temer, e Moreira Franco, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, também foram beneficiados com recursos obtidos por meio de operações feitas junto ao fundo de investimentos do FGTS.


Funaro contou que trabalhou na arrecadação de dinheiro para as campanhas do PMDB em 2010, 2012 e 2014. Ele estima que tenha conseguido cerca de R$ 100 milhões para o PMDB e aliados durante essas campanhas.


Funaro também afirmou que o presidente Michel Temer tinha conhecimento a respeito da propina paga em contrato da Petrobras com a Odebrecht.


O doleiro afirmou que durante a tramitação da medida provisória que beneficiava o setor de portos, aprovada em 2013, teve intensa intervenção de Eduardo Cunha e de Michel Temer para defender interesses de grupos privados aliados dos dois.


Funaro disse que não tinha relacionamento próximo com o presidente Michel Temer.


Segundo o doleiro, quem fazia a interface com ele eram Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, mas se recorda de ter estado com o presidente Michel Temer em três oportunidades, uma delas na base aérea em São Paulo, juntamente com Cunha.


Versões
O Palácio do Planalto afirmou que Michel Temer nunca deu nenhuma orientação sobre distribuição de dinheiro e não tinha relações com Funaro.


A defesa de Geddel Vieira Lima rechaçou o que chamou de "fantasiosas alegações" de Funaro e disse que Geddel não tinha poder para conceder ou liberar empréstimos.


O ministro Moreira Franco disse que não conhece FUnaro e que o doleiro terá que provar o que está dizendo.


O ex-ministro Henrique Alves não quis se manifestar.


O PMDB declarou que as contribuições estão devidamente declaradas observados os requisitos legais.


A defesa de Joesley Batista disse que, a respeito de todas as provas já apresentadas, ele continua à disposição da Justiça.


Fábio Cleto confirmou que as operações sobre a LLX e a BR Vias constam da delação dele, mas disse que não negociou propina.


A Caixa Econômica Federal não se pronunciou.
A assessoria de Gabriel Chalita, do PMDB, declarou que os recursos da campanha à prefeitura de São Paulo eram do PMDB nacional e que a pequena parte arrecadada pelo comitê de campanha foi devidamente registrada no TRE.


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