O senador Cleitinho (PL-MG) usou seu tempo de fala na CPMI do 8 de janeiro para condenar as declarações do coronel do Exército Jean Lawand Junior. Aos parlamentares do colegiado, Lawand negou ter pedido ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, para que o então chefe do Executivo decretasse uma intervenção militar ou Estado de sítio.
“Errar é humano”, disse Cleitinho. “O senhor não pode persistir no erro. O senhor, que é comandante, seja homem e diga que errou, pois o senhor errou. Ser de direita jamais é apoiar golpe. Vou defender o coronel Jorge Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, pois é inocente.”
Conforme noticiou Oeste, depois da vitória do presidente Lula, o coronel Lawand tentou convencer Cid a levar o plano de uma intervenção militar adiante. “O presidente não pode dar a ordem”, disse Cid, ao afirmar que Bolsonaro não daria ordem ao Exército e nem sequer assinaria alguma intervenção militar, pois, segundo Cid, não tinha o apoio do Alto-Comando do Exército.
Nas mensagens a Cid, Lawand diz que se o Exército fizesse algo iria “soar como golpe” e que, desse modo, Bolsonaro teria que “dar a ordem”. “Está nas mãos do presidente”, escreveu. Na CPMI, contudo, Lawand recuou e disse que a declaração de “soar como golpe” por parte do Exército foi “infeliz”.
Em 1° de dezembro, Lawand começava a entender que Bolsonaro não faria nada e disse que “teria que ser pelo povo”. Pouco mais de um mês depois, a Praça dos Três Poderes foi invadida e vandalizada.
“O senhor concorda com a eleição de 2022? Nunca discordou?”, perguntou o parlamentar a Lawand. O coronel então respondeu que concordou, sim, com o resultado das urnas. “Então por que o senhor mandou essas mensagens ridículas pedindo intervenção militar?”, continuou Cleitinho.
A Polícia Federal extraiu as mensagens do telefone de Cid, pois teve acesso aos aparelhos dele; de Gabriela Santiago Cid, mulher do tenente-coronel; e de Luis Marcos dos Reis, militar que trabalhou com Bolsonaro. Na ocasião, a polícia deflagrou uma operação que apura fraudes em carteiras de vacinação.
Na CPMI, os parlamentares da oposição disseram que a convocação de Lawand foi uma “moeda de troca”, pois os governistas teriam permitido que o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, viesse ao colegiado apenas se Lawand fosse convocado.