14/07/2023 às 05h26min - Atualizada em 14/07/2023 às 05h26min

Pacheco diz que fala de Barroso é "inadequada e infeliz" e pede fim aos ataques

Em evento realizado na UnB, o ministro disse "nós derrotamos o bolsonarismo". Deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmaram que vão pedir o impeachment do magistrado

​Pacheco diz que fala de Barroso é "inadequada e infeliz" e cobra retratação - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), repudiou, nesta quinta-feira (13/7), as falas do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em um evento da Universidade de Brasília (UnB), na noite de quarta-feira, disse que "nós derrotamos o bolsonarismo". Para o congressista, a fala do magistrado foi "infeliz e inadequada". Por outro lado, o parlamentar se solidarizou com o integrante da Suprema Corte por conta dos ataques que ele vem sofrendo.

 “Recebi diversos telefonemas de senadores e senadores sobre a fala de Barroso. E desse púlpito recentemente eu me solidarizei com o ministro Luís Roberto Barroso quando foi atacado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, mas tão inadequado quanto o ataque sofrido pelo ministro Luís Roberto Barroso, por quem aqui manifesto meu profundo respeito, também foi muito inadequada, inoportuna e infeliz a fala de Barroso no evento da une a uma ala política a qual eu não pertenço, mas que é uma ala política”, declarou.

Barroso participou em um evento da União Nacional dos Estudantes (Une) na UnB. Na ocasião, enquanto defendia a democracia e a liberdade de expressão, o magistrado disse "nós derrotamos o bolsonarismo" e gerou polêmica, pois foi acusado de usar o cargo para atuação política. O Supremo divulgou uma nota repudiando os ataques e esclareceu que ele "se referiu ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição".

Oposição quer impeachment
Após a fala, o deputado bolsonarista federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a oposição ao governo entrará com uma representação no Senado contra as declarações do integrante da Corte, das quais ele chamou de manifestação "político-partidária". A deputada Bia Kicis (PL-DF) afirmou que será apresentado um pedido de impeachment.

"O ministro do STF e do TSE, Barroso, afirmou em evento da Une que venceu o Bolsonarismo. Em evento político partidário confessou que atuou contra uma força política. Gravíssimo! Nós, da oposição, entraremos com um pedido de impeachment", escreveu, via redes sociais.

Rodrigo Pacheco afirmou que espera uma retratação por parte de Barroso — que assume em setembro a presidência do STF. “A presença do ministro em um evento de natureza política com uma fala de natureza política é algo que reputo infeliz, inadequado, inoportuno. Espero que haja por parte do ministro Luís Roberto Barroso que haja uma reflexão com relação a isso e eventualmente uma retratação, do alto de sua cadeira do Supremo Tribunal Federal e prestes a assumir a presidência da Suprema Corte”.

Ele destacou que o momento é de pacificação e que a fala pode radicalizar a base da oposição com novos ataques ao Judiciário. “Estamos em um esforço muito grande no Brasil de conciliação, de pacificação, de acabar com ódio em relação às divisões. Nós temos exercido isso no dia a dia para que possamos ter um país próspero com menos intolerância e mais amor. Cada qual tem que cumprir seu papel e se esforçar conjuntamente para que isso aconteça no nosso país”, concluiu o parlamentar.

Veja a nota do Supremo Tribunal Federal (STF) na íntegra
 
O Ministro do STF Luís Roberto Barroso, o Ministro da Justiça, Flavio Dino, e o Deputado Federal Orlando Silva estiveram juntos, no Congresso da UNE, para uma breve intervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio. Todos eles participaram do Movimento Estudantil na sua juventude. Apesar do divulgado, os três foram muito aplaudidos. As vaias - que fazem parte da democracia - vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase “Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo” referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição.


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