Segundo o jornalista, é consenso no Alto Comando que a carreira de Cid nas Forças Armadas acabou, mas sua punição só deveria ocorrer quando os processos a que responde forem concluídos.
Emissários dos militares já se reuniram com Alexandre de Moraes e fizeram esse pleito. “Alexandre de Moraes, no entanto, reagiu dizendo que as investigações em curso feitas pela PF lhe dão motivos para manter a preventiva de Cid e que fatos novos estão aparecendo”, diz o jornalista.
Mauro Cid ficou em silêncio ao prestar depoimento na CPMI do 8 de janeiro, na semana passada. Negou-se a responder até a perguntas que não o incriminam, como sua idade.
Ele tinha medida da ministra Cármen Lúcia que lhe garantia o direito de não responder a perguntas que poderiam representar provas contra si, o que não é o caso de revelar a idade.
Investigação
O ex-ajudante de ordens está detido desde o dia 3 de maio, acusado de ter fraudado cartões de vacinação contra a Covid-19, incluindo o de Bolsonaro e parentes do ex-presidente.
Ele também é apontado como um dos articuladores de uma conspiração para reverter o resultado eleitoral do ano passado, inclusive com planos de uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com investigações da Polícia Federal, mensagens capturadas com autorização judicial após apreensão do celular de Cid evidenciam que ele reuniu documentos para dar suporte jurídico à execução de um golpe de Estado.
Em seu telefone celular, peritos da Polícia Federal (PF) encontraram mensagens que ele trocou com outros militares e que, segundo deputados federais e senadores que integram a CPMI do 8 de Janeiro, reforçam a tese de que o grupo tramava um golpe.
O 8 de Janeiro
Instalada no fim de maio, a CPMI foi criada para investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro deste ano, quando golpistas e vândalos invadiram e depredaram as dependências do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal, destruindo o patrimônio público e agredindo policiais e jornalistas.
Composta por 32 parlamentares, sendo 16 senadores e 16 deputados federais titulares e seus respectivos suplentes, a comissão terá 180 dias para investigar os atos de ação e omissão ocorridos nas sedes dos três Poderes e que culminaram na prisão de mais de 300 pessoas, entre eles o ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Anderson Torres.