25/06/2017 às 07h17min - Atualizada em 25/06/2017 às 07h17min

Executivos de Odebrecht e Carioca Engenharia confirmam propina a Cunha

Delatores da Lava Jato, Benedito Júnior e Ricardo Pernambuco disseram em depoimento que vantagem estava ligada a obras do Porto Maravilha; defesa diz que não há provas

G 1

Executivos das construtoras Odebrecht e Carioca Engenharia confirmaram nesta sexta-feira (23), em depoimento à Justiça Federal, o pagamento de propina ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entre 2011 e 2014, para viabilizar obras de revitalização do porto do Rio de Janeiro, projeto conhecido como Porto Maravilha.


Réu no processo, Cunha é suspeito de cobrar e receber R$ 52 milhões do consórcio formado por OAS, Odebrecht e Carioca. A defesa nega e diz que não há provas de que os depósitos, feitos em contas no exterior, tenham sido direcionados ao ex-deputado, que está preso em Curitiba (leia mais abaixo).


Primeiro a depor, o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro preferiu ficar em silêncio ao ser questionado se Cunha pediu apoio financeiro. Só disse que, em situações como essa, o pagamento de propina seria dividido de forma proporcional entre cada empresa, conforme sua participação na obra. No caso do Porto Maravilha, OAS e Odebrecht tinham 37,5% cada e Carioca, os outros 25%.


Ele também disse que Fábio Cleto, ex-diretor da Caixa responsável por liberar os recursos do Fundo de Investimentos do FGTS que bancaram a obra, chegou ao cargo por influência de Eduardo Cunha.


Segundo executivo a depor, Ricardo Pernambuco, um dos donos da Carioca Engenharia e delator da Operação Lava Jato, disse que a única exigência de propinas para a obra veio de Eduardo Cunha. Tal exigência, disse, lhe foi comunicada pelos sócios da OAS e Odebrecht numa reunião em 2011.


“Me comunicaram que teríamos que arcar com nossa parte e teríamos que entrar em contato. Pedi a meu filho para fazer esse contato com ele. Meu filho procurou e o deputado disse que era isso mesmo, para pagar em 36 meses”, disse.


Ricardo Pernambuco Junior, filho do executivo e que também depôs nesta sexta, contou que o próprio Cunha lhe indicava as contas em papéis que lhe entregava em reuniões que faziam a sós no Rio de Janeiro ou em Brasília.

 

Ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, Benedito Júnior, também delator da Lava Jato, disse que no segundo semestre de 2011, quando as construtoras já haviam encaminhado o projeto do porto, foi chamado por Eduardo Cunha.


Segundo o executivo, o ex-deputado já sabia do projeto e lhe pediu contribuições para o PMDB, no valor de 1,5% dos R$ 3 bilhões previstos para a obra.


“O deputado Eduardo Cunha era uma pessoa que tinha importância política. Não acredito que pudesse prejudicar [a liberação de recursos], porque projeto era importante para a prefeitura, o estado e a União. Mas eu acreditava que pudéssemos ter assuntos novos no futuro”, afirmou.


Os executivos disseram que não tratavam com a Caixa sobre a liberação de recursos e negaram pedir favores e Fabio Cleto.


Defesa
Advogado de Eduardo Cunha, Délio Lins e Silva disse que todas as acusações contra o ex-deputado se baseiam somente nas delações premiadas dos executivos, sem provas de que o dinheiro fosse direcionado a ele.


Durante os depoimentos, o advogado perguntou aos executivos se pagaram propina a outra pessoa que estaria tentando prejudicar o cliente, atribuindo a ele os pedidos.


Um dos políticos mencionados pela defesa foi o do ministro Moreira Franco, Secretaria-Geral da Presidência do governo Michel Temer.


Todos negaram e reforçaram que Cunha era o destinatário.


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