18/08/2023 às 06h26min - Atualizada em 18/08/2023 às 06h26min

Famílias podem ser despejadas de acampamento do MST em Hidrolândia

Após visita da CPI do MST no local, saiu a reintegração de posse da fazenda para a Prefeitura

​"Terra para quem nela trabalha". | Foto: Redes Sociais

As famílias do acampamento Dona Neura, em Hidrolândia, podem ser despejadas durante esta quinta-feira, 17. Após diligências da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no local, saiu a reintegração de posse da fazenda para a Prefeitura de Hidrolândia. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) disse que vai recorrer à decisão e a Prefeitura de Hidrolândia ainda não se posicionou sobre o assunto.

Os moradores do acampamento temem a truculência da Polícia Militar de Goiás (PMGO) na retirada das famílias. Desde julho, o movimento havia reocupado a Fazenda São Lukas para implantar um projeto agro-ecológico de produção de alimentos sem agrotóxicos no local, dando continuidade a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra iniciada no último dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

A CPI do MST esteve no acampamento na última segunda-feira, 14. Escoltados por enorme contingente policial, a comitiva foi recebida pacificamente por um grande número de famílias moradoras e equipe jurídica de apoio ao movimento, que acompanhou a vistoria feita nos barracos, sem qualquer diálogo com as famílias moradoras. Nenhum indício de irregularidade foi encontrado no acampamento. Estiveram presentes os deputados Ricardo Salles (PL), Mauro Rubem (PT), Adriana Accorsi (PT) e João Daniel (PT).

As famílias estavam instaladas na fazenda por autorização do próprio Incra, que destinou a fazenda “para implementação de projeto de Reforma Agrária”, como diz o documento de transferência da propriedade, assinado pelo Poder Judiciário de Goiás.

Exploração sexual
A área ocupada pelas mulheres do MST integra o patrimônio da União desde 2016. Mas, antes, a propriedade pertencia a um grupo criminoso, condenado, em 2009, pelos crimes de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas. O grupo criminoso era composto, segundo a Polícia Federal (PF), por 18 pessoas que utilizavam o local para dezenas de mulheres, sendo que grande parte eram adolescentes. As vítimas eram traficadas para a Suíça e submetidas à exploração sexual no país estrangeiro.

O esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, principalmente, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade. Segundo a investigação da PF na época, a própria fazenda foi adquirida com dinheiro oriundo do tráfico humano. Membros da quadrilha chegaram a estar na lista de Difusão Vermelha da Interpol para foragidos internacionais.


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