"Fui denunciado por corrupção passiva sem jamais ter recebido valores. Nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Afinal, onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem. Aliás, examinando a denúncia, eu percebo que reiventaram o Código Penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação. Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, ou, quem sabe, tirei uma fotografia ao lado de alguém, logo, a ilação é que eu sou também criminoso", afirmou o peemedebista.
Durante o discurso, o presidente mencionou o nome do ex-procurador da República Marcelo Miller, que deixou a PGR para trabalhar em um escritório de advocacia que viria a negociar o acordo de delação premiada de Joesley Batista. De acordo com o peemedebista, baseado na ilação, era possível inferir que Janot — de quem Miller era considerado braço-direito — também tenha sido beneficiado com o acordo.
"Esse senhor abandona o Ministério Público para trabalhar em empresa que faz delação premiada ao procurador-geral. Não houve quarentena nenhuma. O cidadão saiu e, depois de procurar a empresa para oferecer serviços, foi trabalhar para esta empresa e ganhou milhões em poucos meses. O que, talvez, levaria décadas para poupar. Garantiu ao seu novo patrão [Joesley Batista] um acordo benevolente, uma delação que tira o seu patrão das garras da Justiça, que gera uma impunidade nunca antes vista. Tudo assegurado pelo procurador-geral. Pelas novas leis penais da chamada ilação, criada nesta denúncia, que não existe no Código Penal, poderíamos concluir que talvez os milhões de honorários recebidos não fossem unicamente para o assessor de confiança", disparou contra Janot.
Com a denúncia entregue ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), cabe à Suprema Corte decidir se pede uma manifestação da defesa de Temer ou se encaminha diretamente para a Câmara dos Deputados, Casa responsável pela definição da abertura do processo contra Temer. O chefe do Palácio do Planalto, no entanto, garantiu que aguardará com “tranquilidade a decisão do Judiciário”. “Tem meu respeito absoluto pelas decisões judiciais”, afirmou.
O peemedebista assegurou, embora, que a “disposição” em permanecer à frente do Planalto não “diminuirá com ataques irresponsáveis”. “Não fugirei das batalhas, e nem da guerra que teremos pela frente. Não quero ataques à instituição da Presidência da República e muito menos ao homem Michel Temer. Não me faltará coragem para seguir na reconstrução do país e na defesa da minha dignidade pessoal”, declarou.