Ex-vereador, empresário, deputado estadual do Rio de Janeiro por cinco mandatos consecutivos e conselheiro vitalício do Tribunal de Contas do estado (TCE-RJ), Domingos Brazão, de 58 anos, foi apontado pelo policial militar reformado Ronnie Lessa como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Ronnie é o autor dos disparos na noite de 14 de março de 2018 e delatou o político em acordo premiado com a Polícia Federal realizado na semana passada. A delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Brazão havia sido mencionado no caso Marielle no ano passado, quando o ex-policial militar Élcio Queiroz falou do político em acordo de delação. Élcio dirigiu o carro para Ronnie Lessa durante o assassinato.
Em 2019, o empresário havia sido acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por obstruir as investigações sobre a execução de Marielle e Anderson. A denúncia, assinada pela então procuradora Raquel Dodge, acusava outras três pessoas de participarem na obstrução. Desde a ocasião, Brazão nega envolvimento no assassinato.
Histórico de prisão, rival de Freixo e empresário de postos de gasolina
• Eleito vereador em 1996 e deputado estadual por cinco mandatos executivos - de 1998 a 2014 - pelo MDB, Domingos Brazão foi preso temporariamente em 2017 em operação da Polícia Federal.
• A Operação Quinto do Ouro, desdobramento da Lava Jato, investigava suspeitos de um esquema de desvio de verba pública.
• Conselheiro do TCE-RJ, Brazão foi solto uma semana depois, mas afastado do cargo pelo STJ.
• Em 2021, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reconduziu o conselheiro à posição de conselheiro.
• Antes disso, em 2010, o político teve o seu terceiro mandato como deputado estadual cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) por denúncias de compra de votos.
• Manteve-se no cargo por conta de liminar concedida pelo então ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski.
• Em 2008, Brazão foi citado no relatório final da CPI das Milícias, presidida pelo então deputado vereador do Rio Marcelo Freixo (PSOL, à época).
• Marielle Franco trabalhou com Freixo durante dez anos, até ser eleita vereadora em 2016.
• Uma das possíveis motivações para o crime seria vingança pelo trabalho de Freixo e Marielle na CPI das Mílicias. A tese foi defendida em maio de 2020, pela ministra do STJ Laurita Vaz.
• Em abril de 2015, Freixo foi um dos cinco deputados estaduais do Rio que votaram contra a nomeação de Brazão como conselheiro vitalício do TCE-RJ.
• Domingos é irmão do deputado federal Chiquinho Brazão (UNIÃO-RJ) e do deputado estadual Pedro Brazão (PR-RJ).
• Os três são ligado ao ramo de postos de gasolina. No ano passado, Chiquinho gastou mais R$200 mil da cota parlamentar ao longo para abastecer em posto de gasolina de um sócio dele mesmo, segundo matéria do Estadão.