06/02/2024 às 07h27min - Atualizada em 06/02/2024 às 07h27min

Atenção psicossocial dá vida nova aos dependentes de álcool e drogas

Caps de Santa Maria atende pacientes acima de 16 anos de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h; para tratamentos coletivos, não é necessário agendamento prévio

​São mais de 1.400 assistidos pelo centro de Santa Maria | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Questionado sobre o dia que marcou o seu renascimento, o cantor Rubens Lima, 61 anos, sabia decorado: 5 de abril de 2013. Era uma sexta-feira qualquer, mas, para ele, foi a data em que decidiu dar um basta à ingestão excessiva de bebida alcoólica. O acolhimento recebido pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Santa Maria foi crucial para que pudesse recomeçar a vida do zero em busca de conquistar tudo o que perdeu com a doença.
 
 “Essa data é muito marcante para mim porque foi quando eu realmente fui acolhido. É um centro que ajuda quem quer receber ajuda. A pessoa não se cura da noite para o dia, mas, aos poucos, a vida vai retomando ao normal. Em 2013, eu andava com um pessoal para quem o caminho era só o álcool”, compartilhou Rubens.

Da mesma forma que ocorreu com Rubens, o Caps funciona como uma esperança que se acende na vida de quem acha que já não tem mais nada a perder. São mais de 1.400 assistidos pelo centro de Santa Maria, que também atende quem mora no Gama e no Entorno. A equipe, composta por 28 profissionais das áreas da medicina, enfermagem, assistência social, psicologia, terapia holística e educação popular, promove uma série de atividades para dependentes do álcool e das drogas.

“A gente realiza atendimentos coletivos. São 19 grupos funcionando nos três turnos do dia, acompanhados pelos profissionais multidisciplinares do Caps. As reuniões terapêuticas e educativas atuam com o objetivo de diminuir cada vez mais a medicalização do paciente”, afirmou a assistente social Paula Juliana Foltran.

A equipe, composta por 28 profissionais das áreas da medicina, enfermagem, assistência social, psicologia, terapia holística e educação popular, promove uma série de atividades para dependentes do álcool e das drogas
De acordo com ela, o espaço funciona como um refúgio, sem necessidade de marcações de horário. “Nós somos um centro de convivência. As pessoas podem vir todos os dias, mesmo que não haja atividade, e utilizar os nossos espaços. Temos salas com computadores, livros e locais para desenvolver arte. Somente para as consultas individuais é necessário agendar com o especialista”, explicou a assistente social.

Os familiares dos pacientes também são recebidos pelas equipes. Esposas, maridos, irmãos, pais e mães são acolhidos pelos grupos destinados exclusivamente aos parentes. Esses têm o objetivo de promover a interação entre quem passa pelas mesmas situações, alinhando expectativas com o tratamento terapêutico, educativo e de reabilitação psicossocial promovido pelo Caps.

Vida nova
“Deus me livre de álcool. A bebida é a perdição do homem, ele perde a moral, perde a família. Eu vi que precisava de ajuda quando já estava ultrapassando todos os limites. Então, quem está numa situação difícil, não deixe se afundar no álcool, procure o tratamento que o governo oferece, porque é de muita qualidade”, pontuou Rubens.

A vida nova também já começa a aparecer para o aposentado Paulo Henrique Paz do Nascimento, 56. Há uma semana sem beber, ele entende cada dia sem recaídas como algo que merece ser comemorado.

“Eu percebi que estava demais. Meu café da manhã era bebida. Eu vendia todos os meus pertences para comprar cada vez mais. Agora vou ter de recomeçar e conquistar tudo o que perdi. Nesses sete dias em que não bebo, já vejo que estou me sentindo bem, me alimentando melhor. É tudo muito difícil, mas ter esse apoio do governo é ótimo. Vou pegar firme e vir todos os dias para os encontros”, disse Paulo, determinado em dar continuidade ao tratamento no Caps.

Atendimento
O Caps de Santa Maria atende pacientes acima de 16 anos com vício em álcool e drogas. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h no regime porta aberta, ou seja, qualquer paciente pode ir sem ser encaminhado por algum médico. Um dos diferenciais é a atenção que as equipes dão aos pacientes. Toda segunda-feira há uma reunião de boas-vindas para os pacientes e familiares. Às quintas, é a vez da reunião das famílias.

Atualmente, são 18 unidades do Caps de todas as modalidades distribuídas pelas regiões de saúde do DF. Para ver qual o centro mais perto de você, confira a listagem completa no site da Secretaria de Saúde.


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