O Ministério Público Federal fez à Justiça Federal um novo pedido de prisão preventiva contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima nesta quinta-feira (13), apresentando novas provas de seu envolvimento em fatos criminosos e da tentativa de obstruir a delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro.
Na quarta-feira (12), o desembargador Ney Bello, do TRF da 1ª Região, havia concedido prisão domiciliar a Geddel. O novo pedido do MPF foi feito ao juiz de primeira instância, Vallisney Oliveira, sob o argumento de que há fatos novos que justificam a prisão.
A perícia no telefone celular da mulher de Funaro, Raquel, demonstrou 17 contatos telefônicos de Geddel para ela somente em 19 dias dos meses de maio e junho deste ano. O período da perícia foi curto porque Raquel trocou de celular recentemente, mas demonstrou quase um contato telefônico por dia.
O MPF também apresentou um depoimento inédito de Lúcio Funaro, que está negociando delação premiada. Nele, o operador financeiro conta que levava malas de dinheiro para Geddel em Salvador. “O declarante fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima; que essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aero Star, localizado no aeroporto de Salvador/BA, diretamente nas mãos de Geddel; (…) que, realmente, em duas viagens que fez, uma para Trancoso/BA e outra para Barra de São Miguel/BA, o declarante fez paradas rápidas em Salvador/BA, para entregar malas ou sacolas de dinheiro para Geddel Vieira Lima”, relatou Funaro.
Em seu depoimento, Funaro também conta que as ligações de Geddel lhe provocavam receio sobre a possibilidade de fazer uma delação. Segundo o operador, Geddel prometia ajuda junto ao Judiciário para tentar soltá-lo. Funaro disse ainda que começou a ter medo da segurança de sua mulher e de sua filha.
“Embora possuísse uma amizade com Geddel Vieira Lima, e não houvesse manifestações expressas de uso de violência por parte dele ou de outra pessoa, essas ligações insistentes por parte de Geddel provocava no declarante um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer algum acordo de colaboração premiada, tendo em vista que Geddel era membro do primeiro escalão do governo e amigo íntimo do presidente Michel Temer, e considerava possível que Geddel ou outros ligados a ele pudessem exercer influências políticas sobre algum órgão, ou até mesmo o Poder Judiciário, a fim de prejudicar o declarante, no caso de resolver firmar acordo de colaboração premiada; que por isso o declarante sempre orientou sua esposa a atender os chamados de Geddel e informar que estava calmo e tranquilo, justamente para transmitir a ideia de que não tinha a intenção de firmar acordo de colaboração; que essas comunicações reiteradas de Geddel geravam no declarante o sentimento de que estava sendo monitorado e em dado momento passou a ter receio sobre a segurança de sua esposa e filha, já que faziam deslocamentos para o presídio da Papuda em estrada pouco movimentada".
A defesa de Geddel tem afirmado que os contatos telefônicos não foram para atrapalhar a delação de Funaro e nega a prática de ilícitos.