O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley Teixeira, revelou à Folha de S.Paulo nesta sexta-feira (29) que o país não participará dos Jogos da Amizade, promovidos pelo governo de Vladimir Putin na Rússia para rivalizar com os Jogos Olímpicos de Paris.
De acordo com Teixeira, o Brasil seguirá a orientação do Comitê Olímpico Internacional (COI) de não enviar uma delegação para o evento, previsto para ser realizado entre 15 e 29 de setembro nas cidades de Moscou e Ecaterimburgo.
Por outro lado, o dirigente adiantou que não haverá proibição à eventual participação individual de atletas brasileiros, se as regras das respectivas modalidades assim permitirem.
“Tem que obedecer à Carta Olímpica. A gente não está proibindo. Até porque é uma época fora da lógica de preparação dos atletas, em um período pós Olimpíada”, declarou o presidente do COB.
Paulo Wanderley está na França para visitas ao Comitê Olímpico do país e a instalações na cidade-sede dos Jogos Olímpicos, marcados para o período entre 26 de julho e 11 de agosto. A base da delegação brasileira será a cidade de Saint-Ouen, a cerca de 45 minutos da capital.
“Não tenho comentário a fazer [sobre os Jogos da Amizade], se é algo positivo ou não”, finalizou o dirigente do comitê brasileiro.
Excluída dos Jogos de Paris por causa da guerra na Ucrânia, a Rússia terá uma cota de atletas que poderão participar da disputa, sob bandeira neutra, mas que não estarão no desfile da cerimônia de abertura.
O COI criticou duramente a decisão russa de realizar os Jogos da Amizade em resposta às sanções impostas, acusando o governo Putin de “politizar o esporte” ao promover o evento por meio de uma “intensa ofensiva diplomática” e de contatos diretos com “os governos de todo o mundo”.
Em comunicado oficial, o órgão olímpico pediu ao mundo esportivo e aos governos convidados por Moscou que “rejeitem qualquer participação e apoio” ao novo evento.
Em resposta, a Rússia acusou a entidade de “discriminação”, “neonazismo” e “intimidação”.
“As decisões do COI são ilegais, injustas e inaceitáveis. Estamos escandalizados com as condições discriminatórias sem precedentes impostas”, declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova. “Essas declarações demonstram até que ponto o COI se afasta dos seus princípios e se inclina para o racismo e o neonazismo”.