01/04/2024 às 07h34min - Atualizada em 01/04/2024 às 07h34min

As exigências de líder de gangue do Haiti para permitir a formação de novo governo

Um dos líderes de gangues mais poderosos do Haiti afirmou que consideraria abandonar as armas se os as facções criminosas fossem convidadas a participar das negociações para estabelecer um novo governo.

​O líder da gangue armada Jimmy 'Barbecue' Cherizier e seus homens são vistos em Porto Príncipe, em 5 de março de 2024 - (crédito: Getty Images)

Um dos líderes de gangues mais poderosos do Haiti afirmou que consideraria abandonar as armas se os as facções criminosas fossem convidadas a participar das negociações para estabelecer um novo governo.

Grupos liderados por Jimmy Chérizier, também conhecido como Barbecue, controlam a maior parte da capital Porto Príncipe.

Segundo ele, a violência que tomou conta do Haiti nas últimas semanas poderá aumentar nos próximos dias.

No entanto, Chérizier disse à rede de TV Sky News: “Estamos prontos para soluções”.

O Haiti, uma nação caribenha empobrecida com mais de 11 milhões de pessoas, está sem primeiro-ministro desde 12 de março.

O último a ocupar o cargo, Ariel Henry, se demitiu depois de ter sido impedido por gangues armadas de regressar do Quénia, onde tinha assinado um acordo para “importar” uma força de segurança internacional em uma tentativa de restaurar a lei e a ordem.

As gangues capitalizaram o vazio de poder e passaram a controlar partes do país, que se tornou efetivamente ilegal em alguns locais.

Foi criado um Conselho Presidencial de Transição para elaborar um plano para devolver o Haiti ao regime democrático, apoiado por outras nações caribenhas e pelos Estados Unidos.

Chérizier – a figura mais proeminente numa aliança de gangues conhecida como Viv Ansanm (Viva Juntos), que controla cerca de 80% de Porto Príncipe – acredita que o seu grupo deveria ter um lugar à mesa do governo.

Ele disse à Sky News: “Se a comunidade internacional apresentar um plano detalhado onde possamos sentar juntos e conversar, mas não nos impor o que devemos decidir, acho que podemos baixar as armas”.

Ele disse que “não estava orgulhoso” da espiral de violência no Haiti e alertou que a crise poderia continuar se grupos como o seu – que criticam “políticos corruptos” – não fizerem parte de um futuro governo.

Ele também disse que qualquer agrupamento militar do Quênia convocado para reforçar a segurança no Haiti será considerado “agressor” e “invasor”.

A situação no Haiti foi descrita como “gravíssima” pela Organização das Nações Unidas (ONU) em um relatório divulgado no início desta semana.

O documento diz 1.500 pessoas foram mortas e 800 ficaram feridas na onda de violência nos primeiros três meses de 2024.

O relatório detalhou as “práticas angustiantes” das gangues, que são acusadas de usar violência extrema e abuso sexual como forma de punição e controle.

Grupos de ajuda humanitária relataram dificuldades em levar alimentos e água para a capital, alertando que milhões de pessoas não conseguem encontrar comida, estando algumas à beira da fome.

Haiti: saiba o básico
•             O país do Caribe faz fronteira com a República Dominicana e tem uma população estimada em 11,5 milhões de pessoas;
•             O país tem uma área de 27.800 km2, que é ligeiramente menor que a Bélgica e aproximadamente do mesmo tamanho que o estado americano de Maryland;
•             A crônica instabilidade crônica, as ditaduras e os desastres naturais nas últimas décadas fizeram do Haiti o país mais pobre das Américas;
•             Um terremoto em 2010 matou mais de 200 mil pessoas e causou grandes danos à infraestrutura e à economia;
•             Uma força de manutenção da paz da ONU, com o Brasil como líder,foi criada em 2004 para ajudar a estabilizar o país e só se retirou em 2017;
•             Em julho de 2021, o então presidente Jovenel Moïse foi assassinado por homens armados não identificados em Porto Príncipe. Em meio a um impasse político, o país continua a ser assolado por distúrbios e violência de gangues


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