A delação premiada do empresário da JBS, Joesley Batista, mudou a postura do governo Michel Temer em relação à Lava Jato. Desde que a operação chegou oficialmente ao quintal do presidente golpista, as tentativas de interferir nas investigações se tornaram cada vez mais evidentes.
A nomeação de Torquato Jardim para o Ministério da Justiça e de Raquel Dodge para a Procuradoria-Geral da República são alguns dos exemplos. Para não citar o cerco criado em torno do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no, STF, o Supremo Tribunal Federal. Chegou a se falar até em tentativa de espionagem, e os outros ministros do Supremo logo saíram em defesa do relator.
Há duas semanas, a extinção do grupo exclusivo da Lava Jato na Polícia Federal de Curitiba foi interpretada por parte da imprensa como um golpe contra a operação. Não há nenhuma prova disso.
A mídia comercial zela pelos interesses da classe dominante, e já escolheu o seu lado. A ideia é descartar o presidente golpista e colocar no lugar dele alguém menos desgastado politicamente, mas que mantenha as mesmas diretrizes econômicas. Com o governo prestes a afundar, eles estão de olho em qualquer investida de Temer contra a operação, porque isso ajudaria a derrubá-lo.
Se há uma disputa entre Temer e a Lava Jato, esse duelo não diz respeito aos trabalhadores. É uma batalha que acontece no andar de cima.
O desemprego em massa na construção civil, na indústria naval, no setor metal-mecânico e de engenharia pesada tem relação direta com as ações do Judiciário. Em outros países, como na Alemanha, a primeira preocupação dos juízes e procuradores seria punir somente os empresários, e não as empresas, para evitar essas demissões.
Do outro lado da disputa, o governo federal insiste em cortar direitos e entregar recursos ao capital internacional, propondo reformas sem nenhuma legitimidade.
Os golpistas estão divididos, mas os parâmetros de combate à corrupção em uma democracia não mudaram. O respeito às garantias da Constituição e à soberania nacional continuam sendo a bandeira da maioria dos brasileiros. Mesmo quando o alvo da operação é um adversário da classe trabalhadora, como Michel Temer.