18/05/2024 às 06h29min - Atualizada em 18/05/2024 às 06h29min

Taxa de analfabetismo no Nordeste é o dobro da média do Brasil; na região, 14% não sabem ler e escrever uma carta simples

Dados do Censo foram divulgados nesta sexta-feira (17). Índices de alfabetização melhoraram no país em relação à última edição do estudo, de 2010, mas disparidades regionais, raciais e etárias persistem. Entre os indígenas, por exemplo, a parcela de analfabetos é quatro vezes maior que entre os brancos, mostra IBGE.

​Os dados, coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo Demográfico 2022, foram divulgados nesta sexta-feira (17).

No Brasil, 11,4 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever uma carta simples – o equivalente a 7% da população nessa faixa etária. Ainda que o problema tenha sido atenuado nas últimas décadas [veja mais abaixo], o Nordeste continua sendo a região com o índice de analfabetismo mais alto do país: 14,2%, o dobro da média nacional.
 
Os dados, coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo Demográfico 2022, foram divulgados nesta sexta-feira (17).

Em comparação à última edição da pesquisa, de 2010, houve relativa melhora: um salto de 80,9% de alfabetizados no Nordeste para 85,79%.

A disparidade regional, no entanto, continua acentuada: o Sul, com o melhor índice do país, chegou ao patamar de 96,6% de moradores que sabem ler e escrever.

Além dessa desigualdade geográfica, há também diferenças gritantes dependendo:
•             da raça - As taxas de analfabetismo de indígenas (16,1%), pretos (10,1%) e pardos (8,8%) são bem mais altas do que de brancos (4,3%).
•             da idade - O índice nacional é menor entre os jovens de 15 a 19 anos (1,5%) e maior entre os idosos com mais de 65 anos (20,3%).
Veja mais dados ao longo desta reportagem.
 
Onde estão os piores índices de analfabetismo?
 
No Brasil, 50 municípios têm índices de analfabetismo iguais ou superiores a 30%— 48 dessas cidades estão no Nordeste. As únicas exceções do grupo são Alto Alegre e Amajari, em Roraima, no Norte.

Entre os estados, os piores números foram registrados em Alagoas (17,7%) e no Piauí (17,2%).

10 maiores índices de analfabetismo do país (entre pessoas com 15 anos ou mais)

Município           Índice de analfabetismo (%)
Alto Alegre (RR)               36,81
Floresta do Piauí (PI)     34,68
Aroeiras do Itaim (PI)    34,63
Massapê do Piauí (PI)   34,3
Paquetá (PI)      34,28
Estrela de Alagoas (AL) 34,2
Padre Marcos (PI)           34,01
São Domingos (PB)         33,77
Alagoinha do Piauí (PI)  33,61
Vieirópolis (PB)                32,9
 
Entre a população preta, percentual de analfabetos é mais do que o dobro do registrado entre brancos

A taxa de analfabetismo entre brancos, no resultado nacional, é de 4,3%. Pretos (10,1%) e pardos (8,8%) apresentam mais do que o dobro desse percentual.

Entre indígenas, o índice é o quádruplo do apresentado pelos brancos: 16,1% de analfabetos, afirma o Censo.

De 2010 para 2022, a taxa de analfabetismo das pessoas indígenas caiu de 23,4% para 15,1%. A queda mais expressiva foi observada na região Norte (de 31,3% para 15,3%). Quanto às faixas etárias, a maior redução ocorreu entre pessoas de 35 e 44 anos (de 22,9% para 12%).

Taxa de analfabetismo é mais alta entre os mais velhos por 'dívida educacional brasileira', diz IBGE

Considerando as faixas etárias dos brasileiros com mais de 15 anos, a maior taxa de analfabetos é detectada entre os idosos de 65 anos ou mais (20,3%).

Segundo o IBGE, a “elevada taxa de analfabetismo entre os mais velhos é um reflexo da dívida educacional brasileira, cuja tônica foi o atraso no investimento em educação”.

Nas últimas décadas, esse grupo tem apresentado uma melhoria nos números: em 2000, 38% não sabiam ler e escrever cartas simples.

“Nas [gerações] mais velhas, as taxas caem mais rápido, pelo processo natural de substituição e pela dinâmica demográfica de envelhecimento e morte da população”, afirma o órgão de pesquisa.

A tendência geral é: quanto mais nova for a pessoa, maior a probabilidade de ela ser alfabetizada. Entre jovens de 15 e 19 anos, por exemplo, o índice de analfabetismo é de 1,5%.

Como o Censo funciona?
 O que é o Censo? É uma pesquisa realizada pelo IBGE para coletar dados sobre a população brasileira. Ela permite traçar um perfil socioeconômico do país.

Por que ele é importante? O Censo identifica informações essenciais para a criação de políticas públicas. A partir delas, é possível direcionar os recursos financeiros da União para estados e municípios, como nas áreas de saúde, educação, habitação, transportes e energia.

Como os dados foram coletados? Foram três formas de participação: entrevista presencial (98,9% dos casos), por telefone (entrevistas feitas por recenseadores) ou preenchimento de formulário on-line.
O Censo entrevista os brasileiros na residência habitual, seja um lar particular, coletivo (asilos) ou improvisado (nas ruas, por exemplo).


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