03/07/2024 às 09h24min - Atualizada em 03/07/2024 às 09h24min

Geleira derrete no Alasca mais rápido do que os cientistas imaginavam

A pesquisa descobriu que a perda de glaciares no Campo de Gelo Juneau, que se estende pela fronteira entre o Alasca e a Colúmbia Britânica, no Canadá, aumentou drasticamente desde 2010

​Foto de 2022 de uma das geleiras da região: Glaciar Mendenhall - (crédito: https://www.nature.com/articles/s41467-024-49269-y)

Um estudo recém-publicado por cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, indica que o degelo das geleiras de uma área importante no Alasca acelerou e pode atingir um ponto crítico irreversível mais cedo do que se pensava anteriormente. A pesquisa descobriu que a perda de glaciares no Campo de Gelo Juneau, que se estende pela fronteira entre o Alasca e a Colúmbia Britânica, no Canadá, aumentou drasticamente desde 2010.

A equipe, que também incluía universidades do Reino Unido, EUA e Europa, analisou registros desde 1770 e identificou três períodos distintos de mudança no volume do campo de gelo. Eles observaram que a perda de volume da geleira permaneceu relativamente constante entre 1770 e 1979, variando de 0,65km³ a 1,01km³ por ano. Esse índice aumentou para 3,08km³ a 3,72km³ por ano entre 1979 e 2010. No entanto, entre 2010 e 2020, houve uma brusca aceleração, com a taxa de perda de gelo dobrando e atingindo 5,91km³ por ano.

A pesquisa, publicada na Nature Communications, descobriu que a taxa de redução da área das geleiras em todo o campo de gelo foi cinco vezes mais rápida entre 2015 e 2019 do que entre 1948 e 1979.

No geral, a perda total de gelo em todo o Campo de Gelo Juneau entre 1770 e 2020 representou pouco menos de um quarto do volume original de gelo. O aumento da taxa de afinamento das geleiras também foi acompanhado por uma maior fragmentação. A equipe mapeou um aumento significativo nas desconexões, onde as partes inferiores de uma geleira se separam das partes superiores.

Além disso, 100% das geleiras mapeadas em 2019 recuaram em relação à sua posição em 1770, e 108 geleiras desapareceram completamente. A líder do estudo, Bethan Davies, professora sênior da Universidade de Newcastle, disse: "Extremamente preocupante que nossa pesquisa tenha encontrado uma rápida aceleração desde o início do século 21 na taxa de perda de geleiras em todo o Campo de Gelo Juneau. À medida que o afinamento das geleiras no platô de Juneau continua e o gelo recua para níveis mais baixos e ar mais quente, os processos de feedback desencadeados por isso provavelmente impedirão o futuro crescimento das geleiras, potencialmente empurrando-as além de um ponto crítico para uma recessão irreversível."

O Alasca abriga alguns dos maiores campos de gelo de platô do mundo, e seu derretimento é um grande contribuinte para a elevação atual do nível do mar. Os pesquisadores acreditam que os processos observados em Juneau provavelmente afetarão outros campos de gelo semelhantes em outras partes do Alasca e Canadá, bem como na Groenlândia, Noruega e outras regiões do Alto Ártico.


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