Na última segunda-feira (17/07), fui dar uma palestra em Goiânia, para estudantes de Economia, e participei de uma mesa redonda sobre a imprensa e a economia. Naquele mesmo dia, haveria a presença do Ciro Gomes e a organização do evento perguntou se eu não gostaria de falar com ele. Aceitei na hora. Vamos resumir a nossa conversa (junto comigo, participaram 3 jornalistas).
Reforma Trabalhista
Na opinião do Ciro Gomes, a reforma nos fez voltar 50 anos no tempo e o trabalhador mais perdeu direitos do que ganhou. Para ele, com mais de 13 milhões de desempregados, o poder de negociação foi todo para o patrão e isso é muito preocupante.
Questionei se, na avaliação dele, Lula estava morto politicamente ou se seria um bom candidato
O tom da voz subiu um pouco e ele disse: “Lula prestará um desserviço ao País, porque não reproduzirá jamais o governo extraordinário que fez, em função de uma circunstância específica”.
Na opinião dele, PT, PMDB e PSDB não deveriam lançar candidatos, para evitar ao máximo a “polarização” da campanha. “O País precisa desesperadamente discutir seu futuro. Hoje temos um lado achando que a condenação é golpe e outro lado achando que foi pouco. Desta forma, você tem um debate que não vai ser sobre o Brasil, as condições da saúde, educação, violência. Vai ser apenas amor ou ódio ao Lula e isso é muito ruim”.
Opa, não ia deixar essa resposta passar em branco e questionei: você aceitaria ser vice dele?
A resposta veio firme: “de maneira nenhuma”.
Já que Ciro estava respondendo tudo de forma direta e objetiva, mandei mais uma: e Fernando Haddad como o seu vice?
“O PT tem coisas boas e ruins. Não é o partido que está condenado. Se um dia eu for candidato, quero presidir o País e quero fazê-lo em diálogo com todas as forças organizadas do Brasil. E o PT é uma força organizada importante”, disse, concluindo que o PT não é só o Lula e que há pessoas excelentes por lá.
Eu escrevi no meu último texto: acho que existe uma chance considerável dessa dupla – Ciro e Haddad.
Perguntaram a ele sobre coalizões.
Ciro disse que aceita conversar com a esquerda, mas avalia que uma boa candidatura seria de centro-esquerda, pois tem medo de polarização na campanha. Acredita que terá apoio do PT (será o Haddad?) e do PCdoB.
Antes de passar a bola para os jornalistas, eu pedi uma última pergunta: imagine, somente imagine, que o senhor passou para o segundo turno na corrida presidencial. Aceitaria o Bolsonaro no seu palanque?
Rapaz, ele fez aquela cara de “esse sujeito me perguntou isso mesmo?” e a resposta veio enfática e firme: “em hipótese alguma, isso aconteceria”. E completou: “ele votou em mim para presidente da República. Mas o que ele representa hoje é uma coisa absolutamente intolerável para um país como o nosso, em que o povo está tão exasperado e machucado”.
Quando a coletiva já havia sido encerrada e ele estava indo para o local da palestra, lancei mais uma: o senhor abriria a porta se o Moro tocasse a campainha?
Ele me olhou com cara de “quem colocou esse cara aqui?” e respondeu “sim”.
Desejei boa palestra e saí.
Obrigado ao Ciro Gomes e ao pessoal do Eneco (Encontro Nacional de Estudantes de Economia) pela oportunidade.
Deputado Jair Bolsonaro, este Blog está aberto, caso o senhor deseje comentar algo, já que foi citado.