O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ameaçou prender quem "usurpar as funções exclusivas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE)", após o ex-deputado opositor Biaggio Pilieri discutir em uma entrevista coletiva a obtenção e a vigilância das atas eleitorais. Segundo o El País, a lei eleitoral venezuelana estabelece que cada representante ou testemunha dos candidatos deve receber uma cópia da ata contendo os resultados de cada centro eleitoral. — Vamos ter as atas das 30.026, dos mais de 15 mil centros de votação, das mais de 1.100 paróquias e dos 335 municípios, e vamos respeitar o que essas atas dizem em um processo que deve ser livre, democrático e transparente naquele dia — disse Pilieri, que será objeto de uma investigação pelo Ministério Público, segundo o El País.
Saab declarou que a usurpação das funções do órgão eleitoral visa "gerar caos e ansiedade", e que o Ministério Público iniciará imediatamente uma investigação se esse crime ocorrer. Em resposta, Delsa Solórzano, da Plataforma Unitária Democrática (PUD), maior coalizão de oposição da Venezuela, defendeu que "promover o acesso às cópias das atas não é ilegal e está previsto na lei eleitoral", o que vai contra a alegação de usurpação de funções.
A declaração do MP ocorre em meio às tensões já elevadas por conta das proibições e detenções de observadores eleitorais nesta sexta-feira, antes das eleições presidenciais deste fim de semana, nas quais Nicolás Maduro procura um terceiro mandato. As autoridades venezuelanas impediram a decolagem do aeroporto panamiano de Tocumen de um voo da Copa Airlines que tinha os ex-presidentes entre seus passageiros, denunciou nesta sexta-feira o presidente do Panamá, José Raúl Mulino. Dez congressistas e eurodeputados do Partido Popular Espanhol (PP), bem como um parlamentar da Colômbia e outro do Equador, denunciaram posteriormente a sua deportação à chegada ao aeroporto de Maiquetía, que serve Caracas. O presidente de 61 anos, no poder desde 2013, tem como principal rival o diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos, nomeado pela aliança de oposição devido à desqualificação política da sua candidata original, María Corina Machado, e de outros dirigentes. Durante o encerramento das campanhas, na quinta-feira, González Urrutia incentivou a participação na eleição, e Maduro, otimista, pediu o voto dos indecisos, prometendo um "grande diálogo nacional" se reeleito.