29/07/2024 às 12h32min - Atualizada em 29/07/2024 às 12h32min

Venezuelanos votaram sob o clima de ameaças e muito medo.

O clima de incerteza e apreensão foi notório em todo o país.

Vital Furtado
Maduro resiste no cargo porque os militares são o governo', diz analista – Estadão/ Crédito-Estadão

Os venezuelanos foram às urnas em um clima de tensão, ameaças e medo. As eleições, realizadas sob um governo autoritário, foram marcadas por inúmeras irregularidades, desde a intimidação dos eleitores até a presença maciça de forças de segurança nas ruas. Muitos venezuelanos relataram terem sido ameaçados de represálias caso não votassem no partido governista, o que gerou um ambiente de medo e desconfiança. As denúncias de coerção e fraude eleitoral se espalharam rapidamente, aumentando a desconfiança da população no processo democrático do país.

O clima de incerteza e apreensão foi sentido em todo o país. Eleitores foram pressionados a votar sob a ameaça de perder seus empregos, benefícios sociais e até a segurança pessoal. Em diversas regiões, foram reportados casos de cidadãos sendo abordados por membros de grupos paramilitares ligados ao governo, que vigiavam as seções eleitorais e intimidavam os votantes. Este ambiente opressivo teve um impacto significativo na participação eleitoral, com muitos venezuelanos optando por ficar em casa, temendo por sua segurança.

O dia da eleição foi caracterizado por uma presença ostensiva das forças de segurança nas ruas e nos centros de votação. Muitos eleitores relataram terem visto soldados, policiais e membros da milícia armada monitorando o processo de votação. A sensação de estar sob constante vigilância fez com que muitos questionassem a legitimidade do pleito. Além disso, houve relatos de cortes de energia e problemas técnicos em várias seções eleitorais, o que atrasou o processo e aumentou a frustração entre os eleitores.

As ameaças não vieram apenas do governo, mas também de grupos opositores que, em alguns casos, adotaram táticas de intimidação para tentar garantir a participação de seus simpatizantes. A polarização extrema da sociedade venezuelana ficou evidente, com confrontos entre apoiadores de diferentes partidos políticos ocorrendo em várias partes do país. Esta divisão profunda exacerbou o clima de medo e incerteza, deixando muitos venezuelanos preocupados com o futuro.

A apreensão é justificável, pois, segundo declaração do ditador Nicolás Maduro, se caso fosse derrotado, a possibilidade de eclodir uma sangrenta guerra civil era clara. Afinal, o próprio Maduro fez a ameaça, declarando que, se não fosse reeleito, haveria um "banho de sangue" na Venezuela.

Os observadores internacionais também expressaram preocupações sobre a integridade do processo eleitoral. Diversas organizações de direitos humanos e entidades de monitoramento eleitoral denunciaram as condições em que as eleições foram realizadas, apontando para a falta de transparência e a manipulação do processo. A presença limitada de observadores independentes dificultou ainda mais a obtenção de uma visão clara e imparcial sobre o que realmente aconteceu durante a votação.

Em meio a este cenário caótico, a esperança de uma mudança pacífica e democrática parece distante para muitos venezuelanos. No entanto, a resiliência da população e o desejo de um futuro melhor continuam a ser uma força motriz. Apesar das adversidades, muitos venezuelanos ainda acreditam na possibilidade de um retorno à democracia e na construção de um país mais justo e livre. A luta pela democracia na Venezuela é um testemunho da coragem e determinação de seu povo, que, mesmo diante de ameaças e intimidações, continua a buscar um caminho de justiça e liberdade.


 
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