No auge da Operação Caixa de Pandora, integrantes do Ministério Público Federal, sob o comando do então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apostavam numa delação premiada de José Roberto Arruda. A colaboração poderia incluir doações de campanha de políticos do DEM, entre os quais o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mas nada aconteceu. Agora, em meio às investigações da Lava-Jato, com delações de executivos da Odebrecht e Andrade Gutierrez, a possibilidade voltou a amedrontar o meio político. Quando foi governador, Arruda era um dos nomes mais fortes do DEM, com relações políticas com toda a cúpula do partido. Nunca negou um pedido dos correligionários.
Não é hora de fechar a porta para governadores
Num momento em que busca apoio político para se livrar da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva, o presidente Michel Temer recebeu ontem no Palácio do Planalto o governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Os dois trataram de assuntos relacionados a interesses do DF. Mas é um sinal de que, neste momento, Temer não pode fechar a porta para ninguém, mesmo aos adversários que defenderam, no primeiro momento da Operação Patmos, a renúncia ou o seu impeachment. Rollemberg foi um dos votos na executiva nacional do partido a favor do “fora, Temer”. Mas a relação institucional continua.
Herança de governos anteriores
Em discurso ontem, o governador Rodrigo Rollemberg apontou os escândalos desbaratados na Operação Caixa de Pandora, em 2009, como responsáveis por deixar a infraestrutura tecnológica do DF muito aquém do que poderia com os bilionários gastos destinados aos contratos de informática a partir do governo Roriz. “Quando assumimos o governo de Brasília, nos impressionou muito o quanto nós estávamos atrasados em relação ao ponto de vista do desenvolvimento tecnológico para prestação de serviços públicos”, disse. Rollemberg, no entanto, não citou os responsáveis pelo atraso.