A Justiça do Distrito Federal enviou um ofício à Polícia Federal pedindo que a corporação guarde os equipamentos usados pelo delator do esquema de corrupção conhecido como mensalão do DEM, Durval Barbosa, para gravar os áudios que deram origem à investigação. Se o pedido for atendido, os gravadores não deverão voltar a ser utilizados "até segunda ordem".
No início do mês, o juiz da 7ª Vara Criminal Fernando Brandini já tinha solicitado um relatório detalhado à PF, com esclarecimentos sobre o paradeiro das máquinas. A corporação teve dez dias para elaborar o documento. O pedido envolve nove gravadores de áudio e um equipamento que também captura vídeo.
À TV Globo, a Polícia Federal informou que Durval Barbosa usou equipamentos cedidos pela própria corporação, em uma ação controlada e autorizada pela Justiça. A localização dos gravadores e a destinação deles não foi informada.
Gravações e condenações
As gravações foram feitas durante a campanha de José Roberto Arruda ao Palácio do Buriti, em 2006, e reveladas quando a PF deflagrou a operação Caixa de Pandora. Durval Barbosa foi secretário de Relações Institucionais de Arruda e, em seguida, delatou um esquema de compra de apoio político.
Em maio, Arruda foi condenado a 3 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, além do pagamento de multa, por falsidade ideológica ligada ao esquema. Segundo a sentença, o político forjou quatro recibos em 2009, com valor total de R$ 90 mil, para justificar doações ilegais recebidas de Durval.
Sobre o dinheiro, a defesa de Arruda alegava que ele seria usado para comprar panetones para a população carente do DF. A TV Globo não conseguiu contato com os advogados nesta quinta.
Entenda o caso
Em 2006, quando fazia campanha ao governo do DF, Arruda foi flagrado em vídeo enquanto recebia uma sacola com R$ 50 mil das mãos de Durval. As imagens foram reveladas pela TV Globo três anos depois, em setembro de 2009, e deram origem às investigações conhecidas como "Caixa de Pandora".
Na época, Arruda disse que o dinheiro era uma doação para comprar panetones para famílias carentes. Como comprovação, apresentou quatro recibos declarando recebimento de dinheiro "para pequenas lembranças e nossa campanha de Natal", de 2004 a 2007.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Arruda forjou e imprimiu os quatro documentos no mesmo dia, na residência oficial de Águas Claras. Em seguida, os papéis foram rubricados por Durval Barbosa. A impressora foi apreendida pela Polícia Federal, em 2010, e uma perícia comprovou a fraude.