28/08/2024 às 05h42min - Atualizada em 28/08/2024 às 05h42min

Perito aponta falhas em relatório da PF que acusou empresário de agredir filho de Moraes no Aeroporto de Roma

Laudo cita 'omissão de cena' e 'supressão de frames' no documento elaborado pela corporação; peça foi usada para indiciar família

​A família Mantovani, que teria supostamente agredido o filho do ministro Alexandre de Moraes |Foto: Reprodução/Redes socias

O professor Ricardo Molina, do Laboratório de Perícias, viu falhas no relatório da Polícia Federal (PF) que apontou agressão do empresário Roberto Mantovani contra Alexandre Barci, filho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Aeroporto de Roma, em julho do ano passado. O documento da corporação chegou a ser usado para indiciar a família.

Molina foi contratado por Mantovani para analisar as imagens da Itália. O técnico verificou as gravações originais na sede do tribunal, na presença do advogado de defesa, Ralph Tórtima, e servidores do Poder Judiciário. Conforme Molina, diferentemente do que tem sido veiculado pela imprensa e por Moraes, a violência partiu de Barci. A conclusão gerou uma reviravolta no caso.

“Supressão” em imagens sobre Alexandre de Moraes em aeroporto
De acordo com o perito, ao acessar o conteúdo original vindo da Itália, “surpreendentemente, as imagens apresentadas no vídeo tinham excelente qualidade, ao contrário dos recortes dos frames que foram apresentados no Relatório n° 004/23 — DIP/PF”. “Os referidos recortes de frame destoam dos trabalhos normalmente realizados por peritos da PF, os quais adotam como procedimento-padrão, a apresentação do frame de interesse com preservação de todas as informações relacionadas”, observou Molina. “Não é o caso dos recortes de frames apresentados no relatório. Tais recortes estão apresentados com tamanho reduzido e, inexplicavelmente, o time code foi suprimido, ou seja, os recortes de frame assim produzidos não permitem a integral visualização de detalhes e informações não apenas pela redução da qualidade e resolução das imagens, como também pela supressão do time code e ainda a redução do espaço de visualização.” Ainda conforme Molina, houve “supressão do time code nos recortes de frame constantes no relatório” da PF. “Isso não apenas impede a localização temporal de cada imagem, como não permite avaliar quanto tempo transcorreu entre duas imagens contíguas”, constatou o professor.


 

Cena omitida Em outro trecho do relatório, Molina informa que o documento da PF tem uma “cena omitida”. O episódio mostra Barci dando um “tapa na nuca” de Mantovani. “A pedido deste perito relator, a cena foi repetida por pelo menos três vezes, inclusive em câmera lenta, para demonstrar que Alexandre Barci agride Roberto Mantovani com um tapa na nuca e, só depois de agredido, Roberto Mantovani, instintivamente levanta a mão para se proteger e afastar seu agressor resvalando nos óculos de Alexandre Barci”, escreveu Molina no laudo.

Perseguição Ao contrário do que concluiu a PF, o perito afirmou que Barci perseguiu a família no aeroporto, e não o contrário. “Tais imagens descrevem o retorno de Roberto Mantovani e sua família pelo corredor”, observou o perito. “Roberto Mantovani passa pela sala VIP sem sequer olhar para seu interior. É Alexandre Barci quem sai da sala VIP e vai atrás de Roberto Mantovani, o qual, a essa altura, já tinha ultrapassado em muito a porta de acesso à sala VIP. O vídeo não mostra Roberto Mantovani e sua família voltando pelo corredor e indo na direção da sala VIP para hostilizar Alexandre de Moraes e seus familiares.”


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