11/09/2024 às 05h27min - Atualizada em 11/09/2024 às 05h27min

De olho na sucessão de Lira, PP troca membros da CCJ para votar anistia a envolvidos no 8 de janeiro e pacote anti-STF

Mudanças foram feitas para votar de acordo com interesses dos bolsonaristas do colegiado

Foto: Reprodução

O PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), trocou três deputados que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa às vésperas da sessão desta terça-feira, que pode votar um pacote de quatro medidas que visam restringir a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Também está pautado um projeto que concede anistia aos presos por envolvimento em atos antidemocráticos relacionados ao resultado das eleições de 2022, o que abrangeria os detidos por invasões aos três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

Por trás das mudanças estaria o interesse em votar de acordo com os interesses dos deputados bolsonaristas que compõem o colegiado. O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, é um dos principais fiadores da candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB). O apoio da bancada do PL, que conta com 93 parlamentares, é considerado fundamental. A CCJ é presididia pela bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC).

Os deputados Aguinaldo Ribeiro, Fausto Pinato e Dr. Remy Soares se tornaram suplentes da CCJ, enquanto Pedro Lupion, Delegado Fabio Costa e Amanda Gentil assumiram a titularidade.
PL da Anistia: governistas tentam barrar

O texto do projeto de lei (PL) da anistia prevê perdão para todos os que participaram de bloqueios de estradas e acampamentos em frente a quartéis entre 30 de outubro de 2022 e a data da promulgação da lei. Os financiadores dos atos também seriam anistiados.

“Ficam anistiados manifestantes, caminhoneiros, empresários e todos os que tenham participado de manifestações nas rodovias nacionais, em frente a unidades militares ou em qualquer lugar do território nacional do dia 30 de outubro de 2022 ao dia de entrada em vigor desta Lei”, diz um trecho do projeto.

Em ato realizado na Avenida Paulista no sábado, o ex presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a anistia para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro e chamou de ditador o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator de inquéritos nos quais é investigado. A expectativa é de que os governistas tentem obstruir a sessão e impedir a votação.

Pacote anti-STF
A CCJ da Câmara também analisa projetos que tentam diminuir os poderes dos ministros do STF. Uma das Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que está prevista é a que dá aos congressistas o poder de suspender decisões do Supremo.

O texto, que estava parado desde o ano passado, havia sido enviado à CCJ pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), após o ministro Flávio Dino, do STF, suspender a execução de recursos via emendas.

Interlocutores de Lira afirmam que a chance de a PEC ir à frente é "remota". O texto prevê que o Congresso possa suspender decisões da Corte quando considerarem "que exorbita do adequado exercício da função jurisdicional e inova o ordenamento jurídico como norma geral e abstrata".

Outra PEC pautada é a chamada "PEC das Decisões Monocráticas". Esta já foi aprovada pelo Senado no ano passado, mas estava parada da Câmara até o embate com o STF.

A proposta é uma demanda antiga de parlamentares bolsonaristas, que queriam limitar o poder de alcance do Judiciário, particularmente dos ministros do STF. Para esta PEC, o líder da oposição na Câmara, o deputado Filipe Barros (PL-PR) já foi designado relator do texto.

Completam o pacote apresentado pela CCJ dois projetos de lei com o mesmo objetivo: tipificar como crime de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal possível "usurpação de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo


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