Foi uma noite de medo, horror e tensão em Israel. Por volta das 19h35 (13h35 em Brasília) desta terça-feira (1º/10), as sirenes antiaéreas soaram em todo o país. Motoristas pararam seus carros e se esconderam sob pontes e viadutos. Quem estava em casa ou na rua correu para os bunkers ou abrigos seguros. O Irã cumpriu com a promesa de retaliar as mortes de Ismail Haniyeh e Hassan Nasrallah, líderes do Hamas e do Hezbollah, e disparou pelo menos 182 mísseis balísticos contra o território israelense. Sobre o céu de Tel Aviv, Jerusalém e outras cidades da região central do país, rastros de luz se confundiam com fortes explosões.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e a cúpula do governo se protegeram em um bunker, antes de se reunirem, em caráter de emergência, para decidir sobre a resposta à agressão. Dois israelenses ficaram levemente feridos, em Tel Aviv, e um palestino morreu em Jericó (Cisjordânia), após ser atingido por estilhaços. A comunidade internacional reagiu de forma unânime em condenação ao Irã.
Antes da reunião com o gabinete de segurança, Netanyahu declarou que o Irã cometeu "um grande erro" e que "pagará por ele". "O regime no Irã não entende nossa determinação em nos defender e em retaliar contra nossos inimigos. (...) Eles entenderão: qualquer um que nos atacar, nós o atacaremos", ameaçou. Autoridades israelenses anunciaram que atacariam "com força" o Oriente Médio na noite de ontem.
No dia seguinte à invasão ao Líbano, Israel manteve os ataques aéreos ao país vizinho e tornou a despejar bombas sobre bastiões xiitas no sul de Beirute. Minutos antes do bombardeio iraniano, dois atiradores palestinos mataram sete israelenses em Jaffa e feriram 11, dos quais seis estão em estado crítico.
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, usou as redes sociais para fazer mais ameaças a Israel. "Com a ajuda de Deus, os golpes da frente rebelde se tornarão mais fortes e mais dolorosos sobre o corpo desgastado e apodrecido do regime sionista", escreveu, em hebraico. "A vitória vem de Alá e está próxima." Por sua vez, a Guarda Revolucionária, o exército de elite iraniano, fez uma advertência a Israel: "Se o regime sionista reagir às operações iranianas, enfrentará ataques demolidores".
"Ao lançar dezenas de mísseis balísticos, a força aeroespacial dos Guardiões da Revolução apontou contra importantes alvos de segurança e militares no coração dos territórios ocupados", anunciou, ao garantir que um dos mísseis foi destinado ao QG do Mossad. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, aconselhou Israel a não entrar no conflito. "Essa ação foi em defesa dos interesses e dos cidadãos do Irã. Deixem Netanyahu saber que o Irã não é beligerante, mas se posiciona firmemente contra qualquer ameaça", comentou.
Espaço aéreo
De acordo com o Pentágono, a chuva de mísseis foi duas vezes maior do que a vista em 13 de abril passado. A Marinha dos EUA usou dois destróieres para ajudar a interceptar os projéteis, enquanto atravessavam a Jordânia. Os espaços aéreos de Israel e do Irã ficaram fechados durante algumas horas.