09/10/2024 às 12h59min - Atualizada em 09/10/2024 às 12h59min

Irã lança mísseis contra Israel, que promete vingança

Ataque direto, o 1º após escalada de conflitos entre Israel e Hezbollah, atingiu principalmente Tel Aviv. Israel prometeu resposta à ofensiva, que foi retaliação do Irã ao assassinato dos chefes do Hezbollah e do Hamas. Atentado em paralelo nos arredores de Tel Aviv deixou 8 mortos.

​Fotos mostram projéteis lançados pelo Irã sendo interceptados sobre o céu Tel Aviv, em Israel — Foto: Jack Guez/AFP

O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção ao território israelense nesta terça-feira (1º), no primeiro ataque direto após a escalada de tensão entre Israel e o Hezbollah — o grupo extremista, embora atue no Líbano, é financiado pelo regime iraniano. O Irã confirmou que disparou 200 mísseis contra Israel, segundo a TV estatal iraniana.
 
Segundo o Irã, a investida foi uma retaliação, em razão das recentes mortes de chefes do Hezbollah no Líbano. Autoridades iranianas argumentaram ainda que qualquer contra-ataque resultará em uma "grande destruição" para Israel.

Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Irã cometeu um "grande erro" e irá pagar. Autoridades de Israel também prometeram vingança, com uma resposta "surpresa" e "precisa".

O governo de Israel informou que duas pessoas ficaram feridas sem gravidade e que não houve registro de prédios ou residências atingidos.

A maior parte dos mísseis lançados pelo Irã atingiu Tel Aviv, onde houve uma série de explosões.

A população teve de se proteger em bunkers e abrigos por mais de uma hora, e o espaço aéreo chegou a ficar totalmente fechado, mas foi reaberto após o ataque.

Pouco antes dos bombardeios, ocorreu um atentado a tiros nos arredores de Tel Aviv, que deixou oito mortos.

Após o lançamento dos mísseis, o presidente dos EUA, Joe Biden, ordenou que os militares dos Estados Unidos ajudem na defesa de Israel, segundo o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

O Irã e Israel são os principais rivais no Oriente Médio, e a disputa entre os dois países aumentou após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023 — o Hamas, assim como o Hezbollah, é financiado pelo regime iraniano.

Nesta segunda-feira (30), um dia antes da ofensiva iraniana, Israel lançou uma ofensiva terrestre no Líbano mirando alvos específicos do Hezbollah. A invasão ocorreu após mais de uma semana em que Israel vem bombardeando diferentes regiões do Líbano, inclusive a capital, Beirute, em uma ação que marcou um novo conflito na guerra do Oriente Médio.
 
Há quase um ano, Israel luta também contra o Hamas na Faixa de Gaza, desde que o grupo terrorista invadiu o sul do país, matou 1,2 mil pessoas e sequestrou outras centenas. O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde então, em apoio ao Hamas.

A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27).
 
Como foi o bombardeio
Irã lança mísseis contra Israel

Em apenas 12 minutos, os mísseis iranianos atravessaram os céus de pelo menos dois outros países do Oriente Médio e chegaram em Israel por volta das 18h30 no horário local (13h30 pelo horário de Brasília).
 
Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva de artefatos foi lançada, segundo a agência estatal iraniana. Parte dos artefatos foi abatida pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses.
 
A imprensa iraniana afirmou que a Universidade de Tel Aviv foi atingida.
 
A agência de notícias estatal iraniana Irna afirmou que alguns mísseis atingiram também atingiram locais controlados por Israel na Cisjordânia. Além de Israel, Jordânia e Iraque também fecharam seus espaços aéreos, posteriormente reabertos.

O governo do Irã afirmou que o ataque foi uma retaliação ao assassinato dos chefes do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do Hamas, Ismail Haniyeh, e à invasão do Exército israelense ao Líbano, na segunda-feira (31). Teerã disse que vai retaliar qualquer novo ataque israelense.
 
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou também que o ataque desta terça representa somente parte da capacidade ofensiva do Irã, e disse: "não entrem em confronto com o Irã". O Irã disse ainda que, após o envio de mísseis, o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei — autoridade máxima do Irã — foi colocado em um local protegido e a salvo.
 
O porta-voz do Exército israelense disse que o ataque foi "sério" e que "haverá consequências". Mais tarde, as Forças Armadas do país afirmaram que, ainda na noite desta terça, farão um "ataque poderoso no Oriente Médio", segundo a imprensa israelense.
 
Praticamente ao mesmo tempo em que os mísseis foram lançados, um atentado a tiros ocorreu em Jaffa, pequena cidade nos arredores de Tel Aviv (veja o vídeo abaixo). Segundo o site de notícias israelense Ynet, dois terroristas desceram do metrô e abriram fogo contra várias pessoas na Avenida Yerushalayim.

Oito pessoas morreram no ataque — dois suspeitos de serem os autores do ataque e seis moradores de Jaffa — segundo Israel.
 
Ataque a tiros em Jaffa, no sul de Tel Aviv, deixa mortos
Mais cedo nesta terça, a Casa Branca havia afirmado que o Irã preparava um ataque a Israel com mísseis balísticos e afirmou que um ataque teria "consequências severas".
 
Essa não foi a primeira ofensiva do Irã contra Israel, mas foi a mais intensa até agora. Em abril, forças iranianas lançaram 300 drones e mísseis contra o território israelenses em retaliação a um bombardeio ao Consulado do Irã em Damasco, na Síria, que causou a morte de um comandante do Exército iraniano.

Na ofensiva de abril, os drones e mísseis causaram diversas explosões nos arredores de Jerusalém, mas também não houve vítimas.
 
Histórico do conflito
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.

Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:

1.           Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah por meio de um bombardeio em Beirute.
2.           Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
3.           Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
4.           Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
5.           Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".
6.           A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
7.           Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.


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