Dorival Júnior respirou aliviado quando terminou a partida entre Brasil e Peru, na noite de terça-feira (16), pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Além da vitória, o placar elástico de 4 a 0 trouxe mais tranquilidade para o treinador dar sequência a seu trabalho, ainda em busca de maior consistência.
A goleada foi estabelecida no segundo tempo, quando saíram três dos quatro gols. Até então, a equipe canarinho controlava a posse de bola, mas sofria com a falta de repertório para criar oportunidades claras de gol, como já havia ocorrido na rodada anterior, na vitória por 2 a 1 sobre o Chile, com virada nos minutos finais.
O próprio Dorival reconheceu que o time demorou para reproduzir as ideias que ele havia treinado durante a semana, mas celebrou a evolução apresentada na etapa final.
“Tivemos no primeiro tempo uma equipe que se defendeu ao extremo e tentamos de todas as formas. O jogo não estava fluindo como deveria e como talvez tenhamos preparado”, disse o treinador. “Na etapa final, a partir do momento do 2 a 0, a equipe adversária se abriu um pouco e nos deu tudo o que queremos: campo para trabalhar.”
Para o comandante, o terceiro gol brasileiro, anotado por Andreas Pereira, de voleio, reflete as ideias que vem tentando implementar. Questionado sobre o lance, Dorival fez uma longa descrição dos movimentos, destacando aspectos positivos.
“Tivemos a pressão na bola, a retomada dela, a troca de lado, as infiltrações. A equipe adversária tentou uma saída, nós retomamos por estar bem montados na área, a bola bateu nos pés do nosso goleiro, começamos uma reconstrução pelo lado esquerdo, caiu para o direito, com a finta do Luiz [Henrique] e a bela finalização do Andreas”, afirmou.
De fato, houve alguma melhora, e outras jogadas semelhantes puderam ser observadas na parte final, embora os adversários recentes sejam os piores das Eliminatórias. O Chile e o Peru estão, respectivamente, na última e na penúltima colocação do torneio classificatório para o Mundial.
Chilenos e peruanos passaram boa parte desses confrontos fechados, buscando se defender. Nessa condição, a seleção brasileira ainda sofre para forçar o adversário a se abrir. Nas próximas rodadas, em novembro, terá pela frente a Venezuela, que também não deve se expor, e o Uruguai, que tradicionalmente sabe se defender bem.
Os uruguaios eliminaram o Brasil na última Copa América, no meio do ano: seguraram um 0 a 0 nos 90 minutos e venceram nos pênaltis, por 4 a 2, nas quartas de final.
“Temos que estar preparados para a próxima rodada [dupla], que é decisiva para as nossas pretensões.
Um jogo na Venezuela e depois contra o Uruguai, que é concorrente direto pela vaga na Copa. Eu não me iludo, como não desesperei quando as contestações estavam afloradas”, afirmou Dorival.
Com os seis pontos conquistados, o Brasil pulou para a quarta colocação da competição, com 16. Ainda está distante da líder Argentina, que soma 22, mas abriu quatro de vantagem para a Bolívia, em sétimo lugar, posição que obriga a disputa de uma repescagem para o Mundial de 2026.
Os jogos contra Uruguai e Venezuela serão os dois últimos compromissos da equipe neste ano. Depois, a seleção só voltará a campo em março, quando enfrentará a Colômbia, atual vice-líder, e a Argentina.