O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta quinta-feira (17/10) que bolsonaristas estejam “triturando” o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) por conta dos elogios feitos pelo parlamentar às medidas do governo para evangélicos. Reconheceu, porém, que o episódio beneficiou seu governo.
Otoni é vice-líder da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) e, na terça-feira (15), participou da sanção do Dia da Música Gospel, no Palácio do Planalto, junto com outras lideranças religiosas. No
“Teve uma repercussão muito boa para mim, e muito ruim para ele, porque os bolsonaristas estão triturando ele”, comentou o presidente em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, Bahia. Lula não citou o nome de Otoni.
O deputado era forte aliado de Jair Bolsonaro (PL), mas se afastou do ex-presidente após apoiar a reeleição de Eduardo Paes (PSD) para a Prefeitura do Rio de Janeiro, no primeiro turno. Atualmente, os dois trocam críticas.
Aproximação com evangélicos
Durante a cerimônia da terça-feira, Otoni reconheceu medidas feitas por Lula para o público evangélico, apesar de os dois estarem em campos políticos opostos. “Presidente Lula, Vossa Excelência é a prova de que é possível divergir politicamente durante as eleições, sem permitir, contudo, que as paixões eleitorais contaminem a gestão governamental”, disse.
“O deputado fez uma declaração dizendo que não votou em mim, que muitos evangélicos não votaram em mim, mas ele reconhecia que tudo o que beneficia os evangélicos foi feito por mim”, contou Lula durante a entrevista.
“O dia dos evangélicos, a lei do silêncio, que eu não deixei passar, o dia do pastor. Ou seja, tudo foi eu que criei para a igreja evangélica, e ele reconheceu isso. E eu fiquei com vontade de perguntar: se você sabe disso, porque você votou no Bolsonaro?”, emendou Lula. Ele afirmou, porém, que não quis polemizar durante o evento.