05/08/2017 às 16h12min - Atualizada em 05/08/2017 às 16h12min

Defensoria Pública esteve no caos do Hospital Regional Gama

“Nossa função é prover os direitos fundamentais das pessoas que estão em condições de extrema vulnerabilidade”, diz defensor

Alguns dos problemas flagrados pela Defensoria: Superlotação da obstetrícia; falta de profissionais de saúde; falta de insumos básicos, como anestésicos, antibióticos e fios de sutura; falta de equipamentos; banheiros insuficientes; instabilidade no fornecimento de energia elétrica ao hospital.

 

Alguém vai querer dizer que isso aí acima não é o caos?

 

O Hospital Regional do Gama (HRG), região administrativa do Distrito Federal, foi vistoriado na manhã desta sexta-feira (04) pelos defensores do Núcleo da Saúde da Defensoria Pública do DF. A iniciativa fez parte da Comissão Temática da Saúde da Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP), por conta do Dia Nacional da Saúde, comemorado neste sábado (5). Na inspeção, foram encontradas diversas irregularidades no hospital – como falta de materiais e equipamentos – e alas com superlotação, como a de obstetrícia.

 

“O objetivo da vistoria é saber quais são as principais demandas e insatisfações do usuário do sistema público de saúde. A Defensoria Pública tem uma função muito importante: servir de voz para quem não tem e prover os direitos fundamentais das pessoas que estão em condições de extrema vulnerabilidade. É fundamental escutar os pacientes para que a gente tenha um melhor direcionamento das políticas públicas” explica o defensor público Danniel Vargas.

 

Nas vistorias são avaliados a estrutura física do hospital, o quadro de profissionais, as condições dos alimentos e dos equipamentos, o estoque de materiais e medicamentos, a forma do descarte do lixo hospitalar, os pedidos e acompanhamento de exames médicos, a prioridade no atendimento aos idosos e a quantidade de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Os defensores também conversam com os pacientes para entender melhor as condições dos atendimentos.

 

A falta de profissionais de saúde (médicos, profissionais de enfermagem e auxiliares de enfermagem), a falta de insumos básicos (como anestésicos, antibióticos e fios de sutura) e ausência de infraestrutura adequada de atendimento, sobretudo no Pronto-Socorro, onde a proporção de banheiros para a quantidade de usuários é desproporcional, e a instabilidade no fornecimento de energia elétrica para o hospital, que prejudica o funcionamento de todos os setores foram os principais problemas detectados na visita ao HRG.

 

Foi identificada também uma superlotação na ala de obstetrícia. De acordo com o protocolo de parto humanizado do Ministério da Saúde, o hospital deveria abrigar uma gestante por sala. No HRG, ficam três ou quatro mulheres no mesmo espaço e sem banheiro. As pacientes recém-paridas chegam a ficar dois a três dias na sala de recuperação, que não tem estrutura para dar banho nos bebês, por falta de vaga na maternidade.

 

Os funcionários do HRG reconhecem o mal estar que isto gera, mas garantem que não existe outra opção. “Uma hora não tem onde colocar o paciente e temos que colocar o colchão no chão. Não dá para negar atendimento”, desabafa um servidor.

 

Outro ponto observado pelos defensores é que na enfermaria tem apenas um banheiro para 150 pessoas. Em média, 15 mil pacientes são atendidos por mês no Hospital Regional do Gama. De acordo com estudo realizado pelo HRG, 70% dos atendidos no Pronto-Socorro são de outras regiões administrativas do DF.

 

Soluções

 

A vistoria também trouxe aspectos positivos. Os defensores propuseram à direção do hospital medidas para facilitar o acesso dos pacientes a informações claras e seguras sobre o agendamento de suas consultas e cirurgias. “Os assistidos da Defensoria reclamam da ausência de transparência em relação à posição que estão na lista para consultas, internações e busca de medicamentos. Existe a possibilidade de construirmos uma alternativa comum que viabilize o acesso dos pacientes a essa posição na fila de espera para que eles tenham uma maior noção de previsibilidade de quando poderão ser atendidos”, diz Vargas.

 

Também estão sendo estudadas medidas para sensibilizar os médicos sobre a importância de relatórios que detalhem a urgência na realização de procedimentos e na obtenção de medicamentos, bem como o risco à saúde dos pacientes, no caso de demora. Os defensores públicos puderam explicar aos pacientes como atuam no Núcleo da Saúde da Defensoria.


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