Uma semana antes de a Polícia Federal deflagrar a Operação Overclean, nessa terça-feira (10/12), agentes da corporação já haviam flagrado, em Brasília, uma tentativa de pagamento de R$ 1,5 milhão em propina com recursos transportados em um jatinho Learjet de Salvador (BA) até a capital federal.
Agentes da PF seguiram o empresário Alex Rezende Parente e o ex-coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) na Bahia Lucas Lobão. Os policiais estavam monitorando a dupla desde o hangar em Salvador (BA) até o desembarque em Brasília, quando apreenderam R$ 1.538.700 em espécie.
A Operação Overclean foi deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU), a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal do Brasil (RFB), com o apoio da Homeland Security Investigations – HSI (Agência Americana de Investigações de Segurança Interna).
Segundo os investigadores, “a ação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias, desvios de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. O esquema ilícito impactou diretamente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), na Coordenadoria Estadual da Bahia (CESTBA), além de outros órgãos públicos
O grupo criminoso, de acordo com as autoridades, é formado por políticos e empresários, e movimentou R$ 1,4 bilhão com desvio de verbas públicas de contratos de engenharia, inclusive de emendas parlamentares.
Ainda segundo relatório da Polícia Federal, o jatinho utilizado era do modelo Learjet 60XR, fabricado em 2008 e identificado pela matrícula PP-ONE. A aeronave está registrada no nome da empresa de táxi aéreo Atlântico Transportes LTDA, de Salvador.
De acordo com a investigação, o voo foi organizado pelo empresário José Marcos Moura, conhecido em Salvador como o “Rei do Lixo”, por vencer diversos contratos de licitação de limpeza urbana no estado da Bahia. Ele foi preso nesta terça-feira (10/12), durante a Operação Overclean.
Na aeronave, os agentes também encontraram uma planilha “contendo relação de contratos e valores, com menção a ‘MM’ (possível referência a Marcos Moura), totalizando mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e Amapá”.