A solitária posição de único membro da própria bancada não impediu Eduardo Girão (Novo-CE) de lançar seu nome para concorrer à presidência do Senado Federal em eleição no primeiro dia de fevereiro, um sábado, segundo marcado na agenda do Congresso Nacional.
Com críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e um pacote de bandeiras caras à direita, como a anistia para os presos do 8 de Janeiro, Girão se dispôs a enfrentar o favoritíssimo Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que, além da experiência anterior como presidente do Senado, reúne em torno de si os apoios de oito bancadas. Elas agregam 69 dos 81 senadores que votarão na eleição, e o número ainda pode aumentar.
A Girão restará articular os apoios individuais dos senadores afastando-os da orientação de suas bancadas. Ele ainda poderá recorrer ao tucano solitário Plínio Valério (PSDB-AM), ao Republicanos, que ainda não firmou posição na corrida pela presidência do Senado e ao Podemos, que decidiu liberar a bancada. Do partido, aliás, poderá vir o voto de Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), com quem Girão mantém relação próxima.
À caça dos votos de senadores à direita, com quem costuma se alinhar em votações no plenário, Girão propõe, se eleito, dar celeridade às pautas primordiais para o grupo. Em publicações nas redes sociais, ele cita, por exemplo, a anistia para os presos do 8 de Janeiro. A crítica ao Supremo Tribunal Federal é outra bandeira hasteada por el na corrida eleitoral. Girão também endossa críticas à atuação do atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para atacar a candidatura de Alcolumbre.
"Não me sinto representado pela atual mesa diretora do Senado Federal, que, ao que tudo indica, trará ainda mais retrocessos caso o candidato apoiado por Rodrigo Pacheco retorne à presidência da Casa, o senador Davi Alcolumbre", publicou em uma rede social. "O fato é que demandas legítimas da sociedade não são deliberadas há décadas por decisões monocráticas do presidente do Senado, que acaba deixando o Senado subserviente ao STF e ao Governo Lula", completou.
Articulação de Alcolumbre pode levá-lo a uma das vitórias mais expressivas da história do Senado
Há seis anos, Davi Alcolumbre era eleito presidente do Senado Federal. À época ele colecionou 42 votos, suficientes para derrotar Esperidião Amin (PP-SC), Angelo Coronel (PSD-BA), Reguffe (Sem partido-DF) e Fernando Collor (PROS-AL) — em uma primeira votação que acabou anulada, ele também derrotou Renan Calheiros (MDB-AL). Os três parlamentares que permanecem com mandato — Amin, Coronel e Calheiros — vão apoiá-lo nesta eleição.
A três meses da votação, Alcolumbre já reunia manifestações públicas de apoio de oito dos 12 partidos que compõem o Senado. O PSD, detentor da maior bancada com 15 senadores eleitos, retirou a candidatura própria em prol de Alcolumbre. Também estarão com ele na votação:
• PL: 14 senadores
• MDB: 11 senadores
• PT: 9 senadores
• União Brasil: 7 senadores
• PP: 6 senadores
• PSB: 4 senadores
• PDT: 3 senadores
O cenário indica que Alcolumbre pode entrar no rol dos presidentes do Senado Federal que obtiveram votações mais expressivas, colocando-o ao lado de nomes como Mauro Benevides (PMDB-CE), que recebeu 76 dos 81 votos em 1991, José Sarney (PMDB-AP), eleito quatro vezes para o cargo, e em uma delas também com 76 votos, e Renan Calheiros (PMDB), que recebeu 72 votos em 2005.