Demissão de concursados choca trabalhadores em cidade brasileira

Uma série de demissões expõe polêmica sobre sistemas de avaliação de desempenho.

20/01/2025 07h27 - Atualizado há 1 dia
Demissão de concursados choca trabalhadores em cidade brasileira
Demissão em massa na Companhia Águas de Joinville gera debate sobre avaliações de desempenho e estabilidade dos trabalhadores.

Segundo a empresa, o processo segue normas claras, mas o Sindicato questiona a objetividade e exige revisão. O caso levanta preocupações sobre estabilidade no emprego e possíveis impactos nos serviços oferecidos à população.

Poucas coisas são tão alarmantes para os trabalhadores quanto o temor de uma demissão repentina. E quando o corte de pessoal ocorre em uma das principais companhias de serviços de uma cidade, o impacto vai muito além do setor atingido.

Em Joinville, uma polêmica recente envolvendo a Companhia Águas de Joinville (CAJ) trouxe à tona debates sobre avaliações de desempenho e os direitos dos trabalhadores.

Segundo o site, a própria Companhia relata que cinco profissionais foram demitidos após não atingirem a nota mínima exigida em suas Avaliações de Desempenho.

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Serviços de Água e Esgotos Sanitários de Joinville (Sintraej) reagiu, chamando o processo de subjetivo e pedindo a reintegração dos demitidos.

Como funcionam as avaliações de desempenho da CAJ

De acordo com a Resolução 01/2023 da Companhia Águas de Joinville, as avaliações são realizadas anualmente para medir a performance dos colaboradores.

Esse mecanismo, que está alinhado ao Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), é descrito como uma ferramenta para planejamento de capacitação e qualificação profissional.

Contudo, o mesmo documento também estabelece que um colaborador que registre duas avaliações consecutivas com nota igual ou inferior a 60% pode ser desligado por insuficiência de desempenho.

A norma é aplicada desde 2018, e todos os trabalhadores são informados sobre os critérios adotados.

No caso recente, as notas dos profissionais afetados variaram entre 52% e 59% nos anos de 2023 e 2024.

Os desligamentos ocorreram apesar da tentativa dos trabalhadores de apresentar defesa contra os resultados obtidos.

A posição do Sintraej
O Sindicato dos Trabalhadores, representado por seu presidente Edson da Silva, contestou as demissões e apontou que o sistema de avaliação foi desvirtuado de sua função original.

Segundo ele, “a avaliação não avalia desempenho de ninguém, se tornou uma avaliação para demissão”.

Edson da Silva também destacou que o sindicato exige a revisão do processo, propondo um sistema mais justo e que privilegie o desenvolvimento dos trabalhadores em vez de penalizá-los
e também defende maior transparência nas metas estabelecidas e apoio contínuo para que as equipes entendam as expectativas em relação às suas funções.

Ainda segundo o Sintraej, os trabalhadores demitidos pertenciam a cargos variados, como engenheiro sanitarista, encanador, assistente administrativo, técnico em mecânica e operador de estação.

O sindicato argumenta que esses profissionais já possuíam experiência e treinamento acumulados, o que gera prejuízo não apenas para eles, mas também para a qualidade do serviço oferecido à população de Joinville.

O que diz a Companhia Águas de Joinville

Em nota oficial, a CAJ defendeu a validade do processo e explicou que as demissões ocorreram dentro dos limites legais e respeitando os prazos para defesa dos colaboradores.

A empresa destacou que o modelo de avaliação adotado tem como objetivo assegurar a qualidade dos serviços prestados à população e promover o crescimento profissional dos trabalhadores.

A companhia também esclareceu que, como uma empresa privada, não oferece a mesma estabilidade funcional garantida aos servidores públicos.

Essa distinção é importante para entender o contexto das demissões, uma vez que a CAJ segue normas diferentes das praticadas pela Prefeitura de Joinville.

Apesar da polêmica, a CAJ reiterou seu compromisso com a transparência e a legalidade, afirmando que todos os profissionais são cientes das regras desde o momento de sua contratação.

Impactos na população e reflexões futuras
A situação levantou um importante debate sobre os critérios utilizados para medir desempenho e a necessidade de se garantir avaliações mais objetivas e menos passíveis de interpretações subjetivas.

Embora a Companhia defenda que o modelo tem base técnica, o Sindicato e diversos trabalhadores temem que ele esteja sendo usado como justificativa para demissões.

Esse episódio também gera preocupação entre os demais trabalhadores da companhia, que podem sentir insegurança quanto à sua estabilidade profissional.

Para além disso, a população atendida pela Águas de Joinville também pode ser afetada, caso a perda de funcionários experientes impacte na eficiência dos serviços.

O que o futuro reserva?
A discussão ainda deve render desdobramentos, já que o Sintraej continua pressionando para a revisão das demissões e do modelo de avaliação.

Enquanto isso, os trabalhadores da CAJ vivem um momento de incerteza, com o episódio servindo de alerta para outras companhias que utilizam sistemas similares de mensuração de desempenho.


 


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