11/08/2017 às 17h01min - Atualizada em 11/08/2017 às 17h01min

Raquel Dodge começou da pior forma possível

A consciência deveria ter dito à procuradora: “Não encontre o investigado. Se encontrar, prefira o Planalto. Se for ao Jaburu, que seja durante o dia. Se for à noite, exija que conste da agenda. Afrontou-se o óbvio.

Por Josias de Souza

A nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ainda nem tomou posse e já frequenta o noticiário na desconfortável posição das pessoas que precisam dar explicações sobre atitudes esquisitas. A futura xerife da Procuradoria foi filmada entrando no Jaburu, residência do investigado Michel Temer, às dez da noite de terça-feira. Flagrada, a substituta de Rodrigo Janot disse que foi discutir com Temer detalhes de sua posse, que ocorrerá em 18 de setembro. Tudo errado.

 

A troca de guarda na Procuradoria ocorre num momento especial. Pela primeira vez desde a chegada das caravelas, o Estado brasileiro está investigando e encarcerando criminosos da oligarquia político-empresarial. Nesse enredo, Michel Temer, a cúpula do partido dele, o PMDB, e sua equipe de ministros são parte do problema. Se não enxergar isso, Raquel Dodge perderá o semblante de solução.

 

Raquel Dodge herdará a condução da nova denúncia que Rodrigo Janot prepara contra Temer. A consciência deveria ter dito à procuradora: “Não encontre o investigado. Se encontrar, prefira o Planalto. Se for ao Jaburu, que seja durante o dia. Se for à noite, exija que conste da agenda. Afrontou-se o óbvio. A posse da doutora será no Palácio do Planalto. Outro erro. A Procuradoria tem uma linda sede, ideal para cerimônias de posse. Já aconteceu antes, explica a nova procuradora-geral. Ela ainda não percebeu que todo grande problema começa com pequenas explicações.


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