O tio de Flávio dos Santos Neri é o principal suspeito do desaparecimento da família em Alvorada do Norte, Entorno do Distrito Federal. Testemunhas relatam que Flávio vinha enfrentando desentendimentos familiares desde que passou a morar na chácara do avô, juntamente com sua esposa Jéssica Cristina de Assis e a filha Nayra Gabrielly. A Polícia Civil investiga um possível envolvimento do suspeito em uma disputa por terras.
A família está desaparecida desde dezembro de 2024. Após corpos terem sido encontrados na propriedade na última terça-feira (11/3) as investigações foram intensificadas. De acordo com a Polícia Civil, apenas um laudo pericial pode determinar se as ossadas são dos familiares de Flávio.
Tio teria ameaçado familiares antes do desaparecimento em Alvorada do Norte
Em entrevista, a irmã de Flávio, Luiza Santos, revelou que ele relatou que havia sido ameaçado pelo tio paterno, que não aceitava a presença deles na chácara.
“Antes da minha mãe falecer, o Flávio sempre passava as férias na chácara do avô dele. Depois que ela morreu, ele foi morar lá. Aí, ele começou a cuidar dos animais e ficou morando com o avô. Depois, ele conheceu a Jéssica, casou e tiveram uma filha. Eles resolveram ir morar na chácara do avô, porque não queriam mais pagar aluguel”, contou Luiza.
Ela ainda explicou que, enquanto o avô de Flávio estava tranquilo com a mudança, o tio dele não aceitava a presença da família na propriedade. “O tio do Flávio não queria que eles morassem lá de jeito nenhum. Já tinha rolado uma discussão antes, mas mesmo assim, o Flávio e a Jéssica decidiram ficar lá até o bebê nascer”, disse. Jéssica tem outros dois filhos de um relacionamento anterior que moram com a avó paterna.
No dia 17 de dezembro de 2024, Flávio e Jéssica visitaram Luiza e falaram sobre as dificuldades que estavam enfrentando no local. “Eles acabaram indo para a roça e, nesse mesmo dia, depois de umas compras em Planaltina, me pediram um dinheiro emprestado para o transporte, pois haviam perdido o ônibus que os levaria até as terras do avô. Depois disso, nunca mais tivemos contato com eles”, afirmou Luiza.
Ela também revelou que o tio de Flávio teria feito ameaças. “Uma testemunha disse que ele [o tio] jurou que, se o Flávio aparecesse lá, ele mataria ele e a família toda”, lembrou.
Irmã tentou contato com família por 2 meses antes de descobrir desaparecimento
Após o desaparecimento, Luiza tentou diversas vezes entrar em contato com o irmão, mas não obteve sucesso. “A gente achou que talvez estivesse sem sinal, mas depois de um tempo, comecei a desconfiar. Fui atrás e, em fevereiro de 2025, descobri que estavam desaparecidos. Aí, registrei o boletim de ocorrência”, contou.
Luiza falou sobre o comportamento das pessoas envolvidas. “Uma amiga me disse que meu irmão estava desaparecido, então fui falar com a avó do Flávio, que afirmou que ele tinha pegado as coisas e ido embora, mas isso não fazia sentido, pois tinham acabado de chegar lá. Depois, falei com a família da Jéssica e ninguém sabia de nada. Comecei a achar tudo muito estranho”, relatou.
A polícia encontrou os corpos enterrados na propriedade rural e investiga as circunstâncias da morte da família. “Agora, com tudo que aconteceu, eu sei que tem algo errado. Só quero saber o que aconteceu com meu irmão, minha cunhada e minha sobrinha.”
A Polícia Civil classificou o caso como homicídio e investiga uma possível disputa familiar pelo terreno onde a família morava. A propriedade, localizada em um assentamento rural da cidade, pertence ao avô de Flávio. De acordo com o delegado Thiago Farias, tudo será apurado, e a polícia segue colhendo depoimentos para esclarecer as circunstâncias do desaparecimento. Ele ainda aguarda a confirmação do laudo do Instituto Médico Legal para confirmar se os corpos encontrados são realmente da família, que segue desaparecida, apesar de documentos terem sido encontrados junto aos corpos.