O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) prestou depoimento à Polícia Federal na última sexta-feira no âmbito do inquérito que apura o funcionamento de uma estrutura paralela dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF investiga a suspeita de que o órgão foi usado para espionar adversários políticos.
Em nota, o advogado do vereador, Antônio Carlos Fonseca, confirmou o depoimento e reclamou que não conseguiu acesso aos autos do inquérito, apesar de ter feito dois pedidos, em fevereiro e em abril, depois que o vereador foi intimado a depor. "Mesmo sem ter acesso aos autos o vereador colaborou respondendo a todos os quesitos encaminhados para a PF/RJ. A defesa confia que agora a investigação será concluída e definitivamente arquivada", pontuou.
Em texto publicado na rede social X, o vereador comentou o depoimento e também questionou que não teve acesso aos autos.
"Fui mais uma vez depor na Polícia Federal sobre outro fato, e apesar dos esforços do advogado, outra vez sem ter acesso aos autos, sem entender o motivo e, novamente, me sentindo violentado. É um absurdo gigantesco sentar inúmeras vezes na frente de um delegado, por mais gentil que seja, e se preocupar com o que falar para que superiores não deem liga a mais uma história - onde você tem que provar que é inocente, e não o contrário", escreveu.
O uso de um programa de espionagem FirstMile, revelado pelo GLOBO em março de 2023, deu origem a uma investigação da PF que resultou no maior escândalo envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência desde sua criação, em 1999. A estrutura produziu dossiês de forma ilegal e atuou para disseminar notícias falsas sobre integrantes da cúpula do Judiciário e do Legislativo, além de um ex-presidenciável, servidores públicos e jornalistas, segundo a PF
A polícia apura, por exemplo, a suspeita de que o esquema atuou para blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da “rachadinha” (suspeita de desvio de salário de servidores no gabinete do senador na época em que era deputado estadual no Rio de Janeiro).
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