Brasília faz 65 anos e celebra história nos espaços de memória

Dos arquivos históricos aos museus que preservam os primeiros passos da capital, o DF celebra mais de seis décadas com iniciativas que mantêm viva a história dos fundadores da cidade

21/04/2025 09h09 - Atualizado há 12 horas
Brasília faz 65 anos e celebra história nos espaços de memória
O Catetinho foi a primeira sede do governo federal oficial no DF | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Brasília é a grande protagonista do mês de abril, quando completa 65 anos de história. Mesmo nova, a cidade tem muita história para contar, relembrar e se redescobrir. No Distrito Federal essa memória não se perde. Mais do que isso, ela está muito bem guardada e contada, seja no Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), seja nas ruas, em locais históricos como o Memorial JK, o Museu Vivo da Memória Candanga e Catetinho.

Responsável por abrigar documentos produzidos pelo Poder Executivo e acervos privados de interesse público, o Arquivo Público tem levado essa memória para outros continentes, a exemplo de Portugal. Recentemente, foi firmada a parceria com a Casa da Arquitectura de Portugal para compartilhar os documentos digitais de Lúcio Costa, urbanista responsável por planejar o Plano Piloto de Brasília. Iniciativa que busca preservar a memória e o legado do arquiteto para que futuras gerações possam desfrutar, já começou a ser compartilhado com o ArPDF. A parceria visa criar um acervo digital que reunirá plantas, esboços, correspondências, fotografias, publicações e outros materiais de relevância histórica e cultural, para facilitar pesquisas acadêmicas, exposições e intercâmbio de conhecimentos.

4,5 milhões

número de documentos em pequeno formato no acervo do Arquivo Público do DF

O superintendente do ArPDF, Adalberto Scigliano, ressalta que qualquer registro, em qualquer formato, seja audiovisual, textual ou cartográfico, é fundamental para complementar a história de Brasília. Para ele, tudo é relevante, desde fotos e documentos de pioneiros até registros de um grande gênio como o Lúcio Costa, pois cada peça ajuda a compor uma visão mais completa da cidade e garante a preservação dessa história para futuras gerações.

No Arquivo Público, a história da capital está contada em aproximadamente 6 mil caixas-arquivos, com 4,5 milhões de documentos em pequenos formatos. Além disso, a instituição mantém cerca de 45 mil documentos em grandes formatos, dois milhões de negativos e microfilmes, além de 300 películas e mais de 500 vídeos em diversos suportes.

Memória de Brasília

A memória da construção de Brasília está espalhada pelo Distrito Federal. Um desses locais é o Museu Vivo da Memória Candanga. Antes de se tornar um museu, o local funcionava como o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), criado para atender à crescente demanda por serviços de saúde no Distrito Federal. Além de socorrer operários, acidentados nas obras, o hospital também realizava partos e prestava atendimento ambulatorial a crianças e donas de casa. O complexo era formado por 23 edificações de madeira e permaneceu em funcionamento até 1974, quando foi inaugurado o Hospital Distrital, atual Hospital de Base.

“Esse hospital teve Edson Porto como primeiro diretor. A esposa dele, Marilda Porto, ainda vem aqui às vezes. Quando ela entra, se emociona muito, chora… e nunca senta na cadeira dele. É uma memória forte, né? Ele veio pra Brasília justamente para cuidar desses operários”, comenta a gerente do Museu da Memória Candanga, Eliane Falcão. Além dos itens utilizados pelos operários, o espaço conta com uma exposição que resgata a presença feminina na história de Brasília, muitas vezes esquecida.

Somente no último ano, o espaço recebeu cerca de 25 mil visitas. Para comemorar o aniversário de 65 anos de Brasília, o Museu Vivo da Memória Candanga preparou uma exposição com fotos coloridas da década de 1970. São 140 fotos do acervo de Joaquim Paiva que ficarão expostas por cerca de dois meses.

Há também o Museu do Catetinho, que foi a primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek. Construído em apenas 10 dias, o projeto de Oscar Niemeyer é um prédio simples, feito de madeira, e conhecido como Palácio das Tábuas. Visitantes encontram referências da época, através da preservação do mobiliário original e outros objetos.

A cidade também conta com o Memorial JK, onde os visitantes encontram objetos que simbolizam a capital, além do acervo pessoal do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek. Logo na entrada, o impacto inicial vem da estrutura arquitetônica assinada por Oscar Niemeyer, que traduz em formas a força simbólica da história de JK. O visitante é recebido por uma série de fotografias que contam a trajetória dele, desde a vida pessoal, como médico, até a atuação política e encontros com líderes de outros países. Além disso, o espaço revela momentos marcantes da vida e do legado de JK.

O acervo tem cerca de 16 mil itens, entre documentos, fotos, condecorações, roupas, livros e objetos pessoais. “Eu acho que o mais importante do museu é que ele preserva uma história singular, essencial para compreendermos o Brasil de hoje. JK foi um homem que realmente cumpriu o que prometeu. Seu plano de governo, que propunha ‘50 anos em 5’, teve como pilares a educação, a energia, o transporte, a alimentação e a indústria de base. E ele entregou”, destaca o vice-presidente do Memorial JK, André Octavio Kubitschek.

O Memorial JK recebe em média 40 mil pessoas por ano. O espaço promove o programa Museu-Escola, que leva cerca de 20 mil crianças ao longo do ano, principalmente nos períodos escolares, como abril e julho. Os outros 20 mil visitantes adultos, em geral são turistas, estudiosos ou pessoas interessadas na história de Brasília e do Brasil.


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