19/08/2017 às 07h36min - Atualizada em 19/08/2017 às 07h36min

Políticos reagem com cautela à possível chapa Joe Valle/Frejat/Cristovam

Líderes acreditam que acordos nacionais poderão impedir a aliança brasiliense

Correioweb

A chapa formada pelo chamado “dream team”, integrado por Joe Valle (PDT), Jofran Frejat (PR) e Cristovam Buarque (PPS), causou surpresa no meio político. Para pré-candidatos e adversários, as diferenças entre as linhas ideológicas dos três partidos podem ser um empecilho para que a coalizão saia do papel. Outros dois entraves são os atuais posicionamentos das siglas frente a temas polêmicos e as alianças das respectivas legendas a nível nacional. Os articuladores das costuras, contudo, dizem que “vale transcender as barreiras partidárias para mudar Brasília”.

 


No Congresso Nacional, PDT e PPS adotaram discursos opostos em relação às reformas trabalhista e da Previdência. Também votaram de forma diferente no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. E embalaram controvérsias em meio às discussões sobre alterações no ensino médio.

Para Joe, presidente da Câmara Legislativa, e Cristovam, o histórico político pode ser contornado com a valorização das convergências. O pedetista entende que é necessário “deixar as diferenças e o ego de lado para tentar compor um grupo com a mínima condição de governar o DF”. “Precisamos de uma possibilidade concreta, com todas as forças possíveis. Não é só um nome que colocará a cidade nos trilhos, então, é melhor juntar pessoas de bem que façam o plano valer a pena”, aponta Joe.

O distrital, porém, pode tropeçar na própria palavra. Ele prometeu apoio único e irrestrito à candidatura do distrital Chico Leite (Rede) ao Senado, em 2018. E o parlamentar da Rede provou lealdade ao apoiá-lo na eleição da Mesa Diretora do Legislativo local, mesmo incomodado com a contrariedade aos desejos do governador Rodrigo Rollemberg e à presença de Celina Leão (PPS) e Raimundo Ribeiro (PPS), denunciados por corrupção passiva na Operação Drácon, na composição de chapa.

Pela possível coalizão, contudo, o cenário é outro: Cristovam seria o candidato da chapa ao Senado no próximo pleito. Condição que Joe acredita não causar prejuízos à antiga promessa. “Há duas vagas. O Chico sabe bem que tenho um compromisso com ele, além de muito apreço. Sabe também que, na política, há uma fila, e ele está na minha frente. Mas, com a devida construção, posso apoiar os dois, caso a aliança aconteça”, disse ao Correio.

A adesão da Rede à aliança, inclusive, é outra potencial dificuldade. Isso porque a sigla tem sido uma importante aliada do Palácio do Buriti e há ligação de Jofran Frejat com os ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda — todos do PR —, o que poderia causar desconfiança ao eleitorado.

O senador Cristovam, no entanto, não vê empecilho. Para ele, dada a conjuntura de escândalos de corrupção, não há um “partido limpo” e todos os diálogos são válidos. Os parlamentares, então, deveriam fazer costuras com base apenas no histórico dos possíveis aliados. “O importante é criar um programa em comum que satisfaça todos os lados desse grupo. Tivemos posições divergentes, é bem verdade, mas precisamos construir algo sobre o que convergimos. Nada é impossível”, destaca.

Apesar disso, o presidente do Legislativo local e o senador do PPS admitem que as conversas estão no início, ou seja, há muito pela frente, como a produção de um plano de governo viável a todos. Enquanto isso, o diálogo com outros candidatos de diferentes posições segue vivo.


Costuras

Tradicionais partidos de esquerda acreditam que seja cedo para falar em alianças definitivas — ainda mais quando há grandes diferenças entre as linhas ideológicas das legendas. Presidente da Executiva Regional do PT, Erika Kokay pontua que, apesar da sinalização, a sigla seguirá a decisão de buscar costuras com “partidos do campo democrático popular”. Entre eles, o PDT. Para a ex-vice-governadora Arlete Sampaio (PT), a composição dependerá do resultado da reforma política em trâmite no Congresso. Ainda assim, ela discorda da possível coalizão. “O PDT teve posição muito clara contra o impeachment e contra as reformas, diferentemente do Cristovam. Não vejo nenhuma unidade política nessa configuração”, disse.

Presidente da Executiva Regional do PSol, Toninho também estranhou a composição de uma chapa com PDT, PR e PPS. “No campo da direita, existe identidade maior entre Fraga, Izalci e Alírio, e isso é compreensível. Mas acredito que essa pacificação não exista entre os partidos da provável coalizão entre Joe, Frejat e Cristovam”, alegou.

O pré-candidato ao Buriti Izalci Lucas (PSDB) minimizou o alvoroço com a nova composição — a princípio, ele e Frejat estavam no mesmo grupo de negociações. “Assim como o Frejat, sentei com Joe e Cristovam. Mas a solução para o DF não passa só pela aliança de nomes. Mais difícil do que ganhar é governar”, defendeu. Sobre a possível posição de Joe como cabeça de chapa, Izalci foi enfático: “Lógico que tem as credenciais, mas acho que tem de rodar mais. Falta experiência no Congresso e no Executivo”.
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