Segunda onda de mudanças no governo Lula é marcada por escândalos e polêmicas

Trocas na primeira reforma ministerial aconteceram para acomodar melhor partidos do centrão; cenário mudou em relação às últimas peças trocadas pelo presidente

06/05/2025 05h50 - Atualizado há 1 dia
Segunda onda de mudanças no governo Lula é marcada por escândalos e polêmicas
Demitida do Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves foi substituída por Márcia Lopes, ministra de Dilma Rousseff em 2010Foto: Ricardo Stuckert/PR

As trocas nos ministérios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganharam um décimo segundo capítulo nesta segunda-feira (5) com a demissão de Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres e a substituição dela por Márcia Lopes — nome com passagens por gestões petistas anteriores. Ainda que Cida tenha negado o impacto das denúncias de assédio contra ela para a troca, é inegável que o ministério por ela chefiado sofreu com as acusações.

Esse é um dos cenários polêmicos que atravessam a segunda onda de mudanças no governo Lula (PT), também impactado por denúncias de assédio sexual, fraudes contra aposentados e pensionistas e escândalo de corrupção.

A reforma ministerial ordenada por Lula ainda no primeiro ano de seu mandato ocorreu para acomodar os partidos do Centrão e atender os desejos dessas siglas. A primeira a cair nessa movimentação foi Daniela Carneiro no Ministério do Turismo.

Divorciada de uma ala forte do União Brasil e prestes a se desfiliar da sigla, a ministra saiu da pasta para dar lugar ao deputado federal Celso Sabino (União Braisl-PA), indicado pelo partido para ocupar o cargo. A mudança foi concluída em agosto de 2023.

Em seguida caíram Ana Moser, que não era filiada, e Márcio França (PSB). Para o lugar de Ana no Ministério dos Esportes, Lula optou pelo deputado federal André Fufuca, cria do PP do Maranhão. Márcio França, então titular de Portos e Aeroportos, não precisou engolir uma demissão; o petista o realocou, criando para ele um ministério para chamar de seu — o Ministério do Empreendedorismo e da Microempresa. Para o lugar dele nos Portos e Aeroportos foi escolhido o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PB). As alterações foram um carinho de Lula a União Brasil, PP e Republicanos.

Outras mudanças também aconteceram naquele ano. O general Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), caiu antes, em abril. Ele pediu demissão depois que imagens revelaram a presença dele no Palácio do Planalto durante os atos do 8 de janeiro de 2023. No ano seguinte, em 2024, Lula indicou seu ministro da Justiça, Flávio Dino, então do PSB, para assumir uma cadeira recém-desocupada no Supremo Tribunal Federal (STF). O petista colocou o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski na Justiça com a saída de Flávio Dino. Só nesses meses foram seis mudanças.

A segunda onda de trocas na Esplanda dos Ministérios entrecortada por escândalos e polêmicas começou em 2024. Em setembro, Lula demitiu Silvio Almeida, então ministro dos Direitos Humanos. Ele era alvo de denúncias de assédio sexual, e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é apontada como uma das vítimas. A Polícia Federal (PF) investiga as denúncias. Lula nomeou a mineira Macaé Evaristo, quadro do PT, para substituir Silvio Almeida.

Outras substituições — mas, pontuais — aconteceram no início deste ano em uma tentativa do presidente de reverter a queda na popularidade que engole o governo. A primeira ocorreu na Secretaria de Comunicação Social (Secom). Lula demitiu o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) e alocou o marqueteiro Sidônio Palmeira. Depois, como quem dá indícios de que a reforma poderia engatar, o presidente tirou Nísia Trindade do Ministério da Saúde e a substituiu por Alexandre Padilha — até então, ministro das Relações Institucionais. Para o lugar dele, foi nomeada Gleisi Hoffmann (PT).

As outras duas mudanças ocorreram na esteira de escândalos. A primeira, em abril, no Ministério das Comunicações. O então titular Juscelino Filho, deputado pelo União Brasil, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva. A pasta foi dada, então, a Frederico Siqueira, então presidente da Petrobras e nome indicado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Congresso Nacional.

Depois, Carlos Lupi, ministro da Previdência Social, caiu diante das fraudes no INSS. Ele saiu depois que uma operação da Polícia Federal constatou que associações e entidades descontaram ilegalmente valores nas folhas de pagamentos dos aposentados e pensionistas. Lupi foi substituído por Wolney Queiroz, o secretário-executivo do ministério.


  • Ir para GoogleNews
Notícias Relacionadas »